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14 de abril de 2016

‘Não Me Abandone Jamais’, Kazuo Ishiguro


todo mundo!

Como estão vocês e suas leituras? Estou numa correria muito gostosa com as minhas, mas muito gratificante também. Não posso reclamar porque até então só li livros muito bons ou médios, mas nenhum ainda classificado como ruim. Sendo assim, estou no lucro.

E por falar em livro muito bom preciso contar para vocês sobre mais uma leitura que fiz, de mais um livro do Kazuo Ishiguro. Conheci a escrita do autor este ano – quando li “O Gigante Enterrado” |RESENHA AQUI| - e fiquei apaixonado. Quando terminei a leitura de Não me Abandone Jamais, fui arrebatado por uma onda de emoção inexplicável, por isso a demora de postar a resenha. Mas agora está aqui para vocês.


 Publicado no Brasil pela primeira vez em 2010, também pela editora Companhia das Letras, “Não Me Abandone Jamais” conta a história de Kathy e seus amigos Tommy e Ruth. Eles se conheceram ainda na infância, quando frequentavam a mesma escola, a famosa e querida Hailsham, um colégio do interior da Inglaterra. Lá eles viveram aventuras e brincadeiras de criança, descobriram sentimentos de amor e amizade, e juntos descobriram também que há muito mais do que se pode ver naquele lugar.  Há algo de diferente nas crianças de Hailsham; elas já nasceram com seus destinos traçados, eles irão apenas crescer para ser “cuidadores” e “doadores”. Não alcançarão nem mesmo a meia-idade. Mas o que é ser um doador? O que é ser cuidador? Esses são alguns dos segredos que vamos descobrir com Kathy durante a leitura dessa obra prima que nos foi dada pelo Ishiguro.


A história se passa na Inglaterra e é contada em primeira pessoa, sob a visão de Kathy, que tem 31 anos e está às vésperas de ser doadora. Kathy narra toda sua trajetória, desde quando entrou em Hailsham, como conheceu Tommy e Ruth, as descobertas e questionamentos acerca dos costumes e das pessoas que trabalhavam no colégio. É uma narrativa que não segue o tempo cronológico, nos remete perfeitamente a uma conversa entre amigos e Kethy nos conta o que aconteceu no passado, ao mesmo tempo reflete sobre uma situação sob um novo olhar, concluindo coisas novas, fazendo nós leitor refletir até chegarmos juntos a uma conclusão. É uma narrativa que evolui tanto quanto os personagens.

Quando comecei a ler tive a mesma sensação de quando comecei O Gigante enterrado: - “a narrativa é devagar, vou demorar um século para terminar esse livro”. Mas gente, eu me enganei! Como já disse anteriormente é uma narrativa que parte da simplicidade para a grandiosidade. É evolutiva e quem está lendo cresce junto com os personagens, até chegarmos ao ápice da emoção e da comoção.

É uma história que nos mostra pessoas talentosas e inteligentes, que poderiam ter uma vida inteira de sucesso se não fosse a linha já traçada para o destino de cada uma delas. Foram criadas unicamente para um propósito e é isso que nos leva a um lugar melancólico e cinzento, principalmente porque estamos enxergando a vida deles de fora. Mas não é apenas um livro que apresenta uma história triste e melancólica. O autor nos convida a refletir, nos presenteia com a possibilidade de aprender mais sobre quem somos, o que desenvolvemos e o que fazemos de nossas vidas.  Há um enredo muito rico e mensagens para levar para a vida e que estão encontra implícitas e por vezes totalmente explicitas no texto do Ishiguro.

Lendo mais esse livro do autor, percebi elementos que são característicos das suas obras - eu gosto e funciona muito bem nas histórias dele, inclusive. Um desses elementos é a REFLEXÃO. Seja numa narrativa de terceira pessoa ou em primeira pessoa, a mente reflexiva dos personagens passeando pelo tempo, refletindo situações e ações do passado, chegando a uma nova conclusão ou a um novo questionamento é um elemento marcante.


Outro elemento que funciona muito bem e que está também em “Não Me Abandone Jamais”, é a NOSTALGIA. A lembrança de pequenos gestos, de objetos simples, de cenas que parecem não ter significado algum aos olhos de quem vê de fora, mas que preenche o personagem de alguma forma. Os personagens do Ishiguro são traçados com essa característica – assim também foi com Axl e Beatrice em O Gigante enterrado.

Por último preciso destacar o amor sendo colocado à prova. Houve uma situação neste livro que me fez lembrar muito o livro anterior. Os personagens são “obrigados” a provar o amor que tem pelo outro (no sentido de relação amorosa mesmo), a partir de algum elemento subjetivo: seja através de perguntas sobre o passado, um olhar que brilha, a maneira como fala do outro com ternura, ou através da inspiração que se tem por estar apaixonado e que se reflete nas coisas que produz.

“ (...) Madame tem uma galeria, em algum lugar, repleta de trabalhos nossos, desde que éramos pequenos. Vamos supor que apareça um casal se dizendo apaixonado. Ela tem como encontrar os trabalhos que eles produziram durante vários e vários anos. Tem como ver se batem. Se combinam. Não se esqueça, Kath, de que as coisas que ela tem revelam a nossa alma. E ela pode decidir, sozinha, o que é um bol relacionamento e o que é uma paixonite boba.” Pág. 215

Se eu pudesse definir Não me abandone jamais em uma palavra, diria que é uma obra sublime. Uma história que agrupa os sentimentos mais bonitos e necessários na vida de uma pessoa – amizade, amor, companheirismo, simplicidade e sentimentalismo. Um enredo tocante, com personagens bem traçados, que se apegam a coisas simples, a situações simples da vida e que nos mostra que as maiores riquezas que podemos ter na vida são as boas lembranças de coisas que nos fizeram e nos fazem feliz até hoje.

Não me abandone jamais é uma leitura necessária para quem já qualquer outro livro do Kazuo Ishiguro.

Espero que busquem saber mais sobre o livro, que deem uma chance porque realmente vale apena.
Bjux 1.000

Diih

29 de julho de 2015

[Resenha] Memória de Minhas Putas Tristes, Gabriel García Márquez



lá, gente!
Hoje é dia de resenha! Uhuuu!!!

Eu li Memória de Minhas Putas Tristes em meu primeiro semestre na faculdade, para um trabalho de introdução das teorias literárias, na época em que o blog estava em último plano, por isso nunca resenhei. Confesso que inicialmente estranhei o título e pensei: mais um livro cheio de passagens sacanas. Mas o meu preconceito inicial foi totalmente partido em pedaços quando li essa obra linda do querido Márquez.


***
Gabriel García Márquez foi um escritor colombiano – mas também era jornalista, ativista, editor e político – que, infelizmente, nos deu adeus em abril de 2014. No entanto, Gabo, como também era conhecido, deixou obras maravilhosas para nós leitores, tornando-se imortal para a literatura. “O amor no tempo do cólera” e “Cem anos de solidão” são duas das mais famosas e aclamadas obras do autor, dentre tantas outras.

Em Memória de minhas putas tristes vamos conhecer um cronista e crítico musical que está prestes a completar noventa anos de idade e quer se dar um presente. Mas não um presente qualquer, ele deseja uma noite de amor com uma adolescente virgem. Então ele se lembra de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos clientes sobre algumas novidades. Mas o senhor que encontramos nessa obra nunca sucumbiu a desejos desse tipo, mas, ainda assim, Dona Rosa não acreditava na pureza dos princípios dele. Um dia ela recebe sua ligação – vinte anos depois – com  um pedido "quase impossível" e decide ajuda-lo. Mas algo acontece com o senhor nonagenário quando ele vê a tão esperada garota dormindo.

“Também a moral é uma questão de tempo, dizia com sorriso maligno, você vai ver.”

Quando comecei a ler esse livro eu nutri certo preconceito - ‘isso é apologia à pedofilia?’, ‘que nome estranho para um livro! -, até que comecei a entender melhor a proposta do Márquez. Narrado em primeira pessoa, o livro é puro amor e discute moral, mas acima de tudo - e sempre -, o tempo para o amor. É uma história com uma ousadia em seu enredo admirável e uma linguagem poética encantadora. Você simplesmente esquece a ideia desaprovadora de um senhor de noventa anos dormir com uma jovem, para se envolver com a pureza do sentimento tão esperado por uma vida inteira que nasceu naquele cenário.

“Havia achado sempre que morrer de amor não era outra coisa além de uma licença poética.”

Memória de minhas putas tristes foi escrito em 2004, inspirado no livro japonês “A casa das belas adormecidas” e publicado em outubro do mesmo ano nos países espanhóis. No Brasil foi lançado em 2005, pela editora Record, com tradução de Eric Nepomuceno.

P.S: pode ser até pecado para a escrita de uma resenha, segundo as normas, mas não consegui listar algo que me incomodou no livro, além do preconceito que nutri inicialmente, mas, como havia dito anteriormente, destruído ao final do livro. Por isso eu indico essa leitura e garanto ser um dos melhores que já li na minha vida.

Encontro vocês logo, logo.

Bjux do Diih .
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