24 de outubro de 2018

Amores eternos de um dia, de Michele Contel


Olá! ♥️
Tudo bem?

Para começar o texto, antes de contar um pouco mais sobre o livro de hoje, quero dizer que nasci nos anos 1990. A internet não era tão aberta a todos, pessoas com boa condição tinham acesso ao serviço discado e o horário de melhor acesso era de madrugada. As pessoas faziam a festa nesse horário e tudo o que havia de parecido com os aplicativos de hoje era uma sala de bate-papo da uol. Celulares só enviavam no máximo mensagens de texto, além das ligações, e o uso de cartas ainda existia e era lindo. Conhecer alguém acontecia quando íamos numa festa e trocávamos telefone, talvez, ou então quando tínhamos a sorte de encontrar a mesma pessoa no ponto de ônibus, no shopping, passeando pelo seu bairro. Conhecer alguém a ponto de namorar era um processo mais demorado. Mas era gostoso. Porque cada descoberta sobre o outro era uma surpresa. Nada era pronto e a gente chegava lá pisando de degrau em degrau. Até que a tecnologia foi sendo aperfeiçoada, as cartas perderam um grande espaço, as redes e os aplicativos de relacionamento ganharam sua vez dando início às relações instantâneas nessa modernidade líquida já muito bem comentada por Zygmunt Bauman. E aqui estou eu, aos 28 anos, em 2018, tentando me encontrar nessa "selva" e escrevendo sobre um livro que traz à tona os motivos de minha estranheza. O livro em questão é AMORES ETERNOS DE UM DIA, da jornalista Michele Contel, publicado pela Editora Paralela.


Em "Amores eternos de um dia (Jogando a real sobre aplicativos e relacionamentos efêmeros)", Michele Contel escreve de forma leve, direta e divertida sobre os relacionamentos atuais traçando uma linha que vai desde o imediatismo das relações até a auto-sabotagem e a volta por cima. Quem nunca acreditou que depois de uma noite maravilhosa com o crush as coisas finalmente poderiam dar certo e que provavelmente muito em breve seria uma pessoa comprometida? Quem nunca buscou justificativas para o sumiço daquele boy (magia) tão maravilhoso, praticamente fechando os olhos para a realidade do que aquilo significa? Você? Pois é, eu também. E pergunto mais: você sabe o que é gosthing? E date? Sabe identificar um boy lixo? E sabe quando está sendo esse tipo de pessoa também? Se você tem dúvidas ou não sabe o que são esses conceitos com certeza encontrará nas páginas do livro. Mas se você já conhece todas essas questões encontrá situações no mínimo parecidas com o que você já passou, está passando ou está fazendo alguém passar. 

Sabe aqueles joguinhos do "quem fala primeiro" e até "vou dar um gelo para ver se ele sente minha falta"? É uma realidade na vida das pessoas na atualidade. Mas será que isso é saudável para você e suas relações? Essa é também uma das questões abordadas no livro que tem pouco mais de 200 páginas e traz à tona o cenário atual das relações iniciadas em aplicativos como Tinder, Happn, entre outros: resumindo, a superficialidade das relações que acontecem a partir da pressa de boa parte das pessoas que utiliza desses aplicativos para conhecer pessoas. E essa pressa não é algo que vem de um ou de outro. À medida em que a tecnologia avança cada vez mais rápido, dando a possibilidade do ser humano ser prático e encontrar coisas prontas de modo mais rápido, nós também nos movemos com pressa. 
"O imediatismo não só nos impede de conhecer de fato alguém como também facilita que a gente se deixe levar por impressões concebidas muito prematuramente. Isso nos afeta de várias formas: podemos, por exemplo, desistir de um romance por achar que ele não iria para a frente, ou ainda acabar nos apaixonando por versões de pessoas criadas por nós mesmos." (Pág.: 86)
Esse livro chega como um tapa na cara que nos diz "acorda!" e esfrega na nossa face a realidade que está presente há tanto tempo e por alguma razão não enxergamos ou simplesmente escolhemos não ver. Você vai dar muitas risadas, vai enxergar uma amiga, vai enxergar você mesma há cinco ou sete anos, vai enxergar você no agora e até identificar aquele embuste que está no seu caminho - ou que você permitiu que estivesse pelo menos. Além de tudo isso você vai, provavelmente, perceber referências e indicações de músicas e filmes como "Ele não está tão a fim de você", que inclusive é o meu preferido quando o tema é "você está se iludindo por quem não está tão a fim de você".

Outra abordagem do texto de Michele Contel e que é muito válida, é algo que estou sempre comentando entre meus amigos e que é muito válido e muitos de nós precisamos entender. O cuidado com o sentimento dos outros. Muitas pessoas acham que o sentimento do outro não interessa mais depois que a relação termina ou quando ambos não estão na mesma sintonia, mas não é bem assim. M. Contel vai dizer que é muita falta de honestidade não ser sincero ao perceber o envolvimento do outro quando você não está na mesma frequência. Ninguém é obrigado a ter reciprocidade quando o assunto é sentir. Afinal, está aí uma coisa sobre a qual a gente não tem controle algum. Quem dera! Mas todo mundo consegue ser verdadeiro se for preciso.

Em meio a relatos que podem ser reais ou fictícios você verá ilustrações que dialogam perfeitamente com o que está escrito e volto a dizer que não será difícil se sentir parte da história. E quando digo parte da história estou dizendo que você pode tanto estar do lado de lá - da pessoa estilo ghosting, no estilo boy lixo - quanto do lado de cá - com aquela ilusão com a qual se permite viver num determinado momento. E dos livros sobre as relações nessa era digital que li esse tem um grande diferencial: a autora coloca na mesa o quanto muitas vezes reclamamos do outro, mas agimos da mesma maneira nessa selva - como ela se refere a esse campo de batalha onde acontece os joguinhos do amor.
"As possibilidades são sedutoras e nós não conseguimos resistir a elas. E é por isso que, mesmo após uma série de desilusões, não desistimos do jogo. Cada partida perdida desenvolve uma habilidade que acaba sendo importante para o próximo jogo. Vamos ganhando diferentes experiências, que vão desde a identificação  de personagens cativos nesses enredos até a criação de estratégias para lidar com esses tipos. Como o boy lixo." (Pág.: 115)
Não teria pontos negativos para apontar, a não ser o tom de auto-ajuda que o livro assume nos capítulos finais com todos aqueles clichês que relatam a necessidade do amor próprio - o que de fato é real. Há leitores que gostam, outros não. Mas se você me perguntar se isso enfraquece a qualidade do livro eu vou dizer claramente que não. A vida tem seus altos e baixos, os textos que lemos também. O que não quer dizer que seja ruim. Equilíbrio é tudo! ♥️

Em meio a abordagens pertinentes e alguns clichês, "Amores eternos de um dia" é um livro para ler numa tarde gostosa, deitada numa rede e tomando um delicioso suco. Um livro para ler com a amiga compartilhando suas experiências, rindo das estranhezas e refletindo sobre quem você está deixando entrar na sua vida, como está sendo isso e sobre como a caminhada até o amor próprio pode ser árdua. E ela é! Mas a boa notícia é que uma hora a gente amadurece e encontra nossa paz.

MICHELE CONTEL nasceu em 1992, em Araçatuba, interior paulista, e vive um relacionamento sério com São Paulo desde 2015. Formada em jornalismo, as palavras sempre foram a paixão da sua vida, tanto no primeiro blog, criado aos quatorze anos, como nas fanfics de Harry Potter e Mc Fly, escritas aos quinze. Amores eternos de um dia é seu primeiro livro.


SIGA A AUTORA NAS REDES SOCIAIS

Instagram: @michelecontel (link)
Twitter: @michelecontel (link)

COMPRE O LIVRO





Um beijo,
com carinho ♥️  
© Vida e Letras | Todos os direitos reservados.
Desenvolvimento por: Colorindo Design
Tecnologia do Blogger