♥lá todo mundo!
Como estão vocês e suas
leituras? Estou numa correria muito gostosa com as minhas, mas muito gratificante
também. Não posso reclamar porque até então só li livros muito bons ou médios,
mas nenhum ainda classificado como ruim. Sendo assim, estou no lucro.
E por falar em livro muito bom preciso contar para vocês
sobre mais uma leitura que fiz,
de mais um livro do Kazuo Ishiguro. Conheci a escrita do autor este ano – quando
li “O Gigante Enterrado” |RESENHA
AQUI| - e fiquei apaixonado. Quando
terminei a leitura de Não me Abandone Jamais, fui arrebatado por uma onda de emoção
inexplicável, por isso a demora de postar a resenha. Mas agora está aqui para
vocês.
Publicado no Brasil pela primeira vez em 2010,
também pela editora Companhia das Letras, “Não Me Abandone Jamais” conta a
história de Kathy e seus amigos Tommy e Ruth. Eles se conheceram ainda na
infância, quando frequentavam a mesma escola, a famosa e querida Hailsham, um
colégio do interior da Inglaterra. Lá eles viveram aventuras e brincadeiras de
criança, descobriram sentimentos de amor e amizade, e juntos descobriram também
que há muito mais do que se pode ver naquele lugar. Há algo de diferente nas crianças de
Hailsham; elas já nasceram com seus destinos traçados, eles irão apenas crescer
para ser “cuidadores” e “doadores”. Não alcançarão nem mesmo a meia-idade. Mas
o que é ser um doador? O que é ser cuidador? Esses são alguns dos segredos que
vamos descobrir com Kathy durante a leitura dessa obra prima que nos foi dada
pelo Ishiguro.
A história se passa na
Inglaterra e é contada em primeira pessoa, sob a visão de Kathy, que tem 31
anos e está às vésperas de ser doadora. Kathy narra toda sua trajetória, desde
quando entrou em Hailsham, como conheceu Tommy e Ruth, as descobertas e
questionamentos acerca dos costumes e das pessoas que trabalhavam no colégio. É
uma narrativa que não segue o tempo cronológico, nos remete perfeitamente a uma
conversa entre amigos e Kethy nos conta o que aconteceu no passado, ao mesmo
tempo reflete sobre uma situação sob um novo olhar, concluindo coisas novas,
fazendo nós leitor refletir até chegarmos juntos a uma conclusão. É uma
narrativa que evolui tanto quanto os personagens.
Quando comecei a ler tive
a mesma sensação de quando comecei O Gigante enterrado: - “a narrativa é
devagar, vou demorar um século para terminar esse livro”. Mas gente, eu me
enganei! Como já disse anteriormente é uma narrativa que parte da simplicidade
para a grandiosidade. É evolutiva e quem está lendo cresce junto com os
personagens, até chegarmos ao ápice da emoção e da comoção.
É uma história que nos
mostra pessoas talentosas e inteligentes, que poderiam ter uma vida inteira de
sucesso se não fosse a linha já traçada para o destino de cada uma delas. Foram
criadas unicamente para um propósito e é isso que nos leva a um lugar
melancólico e cinzento, principalmente porque estamos enxergando a vida deles
de fora. Mas não é apenas um livro que apresenta uma história triste e
melancólica. O autor nos convida a refletir, nos presenteia com a possibilidade
de aprender mais sobre quem somos, o que desenvolvemos e o que fazemos de
nossas vidas. Há um enredo muito rico e
mensagens para levar para a vida e que estão encontra implícitas e por vezes
totalmente explicitas no texto do Ishiguro.
Lendo mais esse livro do
autor, percebi elementos que são característicos das suas obras - eu gosto e
funciona muito bem nas histórias dele, inclusive. Um desses elementos é a REFLEXÃO.
Seja numa narrativa de terceira pessoa ou em primeira pessoa, a mente reflexiva
dos personagens passeando pelo tempo, refletindo situações e ações do passado,
chegando a uma nova conclusão ou a um novo questionamento é um elemento
marcante.
Outro elemento que
funciona muito bem e que está também em “Não Me Abandone Jamais”, é a
NOSTALGIA. A lembrança de pequenos gestos, de objetos simples, de cenas que
parecem não ter significado algum aos olhos de quem vê de fora, mas que
preenche o personagem de alguma forma. Os personagens do Ishiguro são traçados
com essa característica – assim também foi com Axl e Beatrice em O Gigante
enterrado.
Por último preciso
destacar o amor sendo colocado à prova. Houve uma situação neste livro que me
fez lembrar muito o livro anterior. Os personagens são “obrigados” a provar o
amor que tem pelo outro (no sentido de relação amorosa mesmo), a partir de
algum elemento subjetivo: seja através de perguntas sobre o passado, um olhar
que brilha, a maneira como fala do outro com ternura, ou através da inspiração
que se tem por estar apaixonado e que se reflete nas coisas que produz.
“ (...) Madame tem uma galeria, em algum lugar, repleta de
trabalhos nossos, desde que éramos pequenos. Vamos supor que apareça um casal
se dizendo apaixonado. Ela tem como encontrar os trabalhos que eles produziram
durante vários e vários anos. Tem como ver se batem. Se combinam. Não se
esqueça, Kath, de que as coisas que ela tem revelam a nossa alma. E ela pode
decidir, sozinha, o que é um bol relacionamento e o que é uma paixonite boba.”
Pág. 215
Se eu pudesse definir Não me abandone
jamais em uma palavra, diria que é uma obra sublime. Uma história que agrupa os
sentimentos mais bonitos e necessários na vida de uma pessoa – amizade, amor,
companheirismo, simplicidade e sentimentalismo. Um enredo tocante, com
personagens bem traçados, que se apegam a coisas simples, a situações simples da
vida e que nos mostra que as maiores riquezas que podemos ter na vida são as
boas lembranças de coisas que nos fizeram e nos fazem feliz até hoje.
Não me abandone jamais é
uma leitura necessária para quem já qualquer outro livro do Kazuo Ishiguro.
Espero que busquem saber
mais sobre o livro, que deem uma chance porque realmente vale apena.
Bjux 1.000
Diih ♥