23 de outubro de 2016

Achados e Perdidos (Lost & Found), de Brooke Davis



Uma criança abandonada encarando a vida e o abandono da mãe como uma completa heroína ao lado de dois senhores de idade, que assistem suas vidas à distância, tentando superar suas perdas. Três personagens, o início da vida e o final. Entres eles algumas certezas, incluindo a morte. São esses os personagens a darem vida ao enredo de Brooke Davis para o livro Achados e Perdidos (Lost & Found), publicado pela Editora Record.

Millie Bird tem apenas 7 anos de idade e já sabe muita coisa, inclusive que vai morrer - assim como todas as pessoas no mundo. Millie, inclusive, tem um livro onde escreve uma lista de todas as coisas mortas e que já não existem mais que conhece, como seu pai, que morreu há pouco tempo e ocupa o 28º da lista. Mas Millie sabe também que, às vezes, as pessoas simplesmente vão embora, assim como sua mãe, que a deixou numa loja e disse volto daqui a pouquinho e ainda não voltou. A garotinha continua esperando e não está triste porque encontrou Karl, o Digitador, que escreve palavras no ar enquanto fala.

Karl também está sozinho porque sua esposa, o grande amor da vida dele, morreu. E ele é um fugitivo - fugiu da casa de repouso onde seu filho o deixou. E mesmo sabendo disso a menina não vai contar a ninguém, nem mesmo Manny, um manequim que eles conheceram na loja e se tornou um amigo companheiro deles dois. Tem também Agatha Pantha, uma mulher que fala sozinha desde quando seu marido morreu. Ela se trancou em casa, dentro de um mundo só dela. Mas sabe de uma coisa? Isso vai mudar depois da chegada de Millie, porque Agatha vai sair de casa e ajudar a menina a encontrar sua mãe. Junto a Manny e Karl, Pantha viverá aventuras que revelarão muito de quem eles são e encontrarão um novo sentido para a vida que estavam deixando de lado quando se trancaram dentro de si por causa do luto.

Achados e Perdidos conta uma bela história repleta de aventuras, descobertas, perdas e ganhos. Quando algo morre deixa de existir? E quando alguém vai embora ela sempre volta? Será que a gente pode aprender com uma criança? E depois que o amor de nossas vidas morre o mundo deixa de fazer sentido? Somos apresentados a questões como essas, no texto de Davis, que criou um enredo metafórico, poético, complexo e que num momento nos apresenta uma realidade crua, no outro uma realidade absurda com personagens cheios de atitudes insanas.

Quando você começa a ler o livro é apresentado a uma criança e toda sua esperteza disfarçada na ingenuidade e doçura, com suas manias e questionamentos narrados em terceira pessoa. Já nesse primeiro momento é o suficiente para você cair de amores por ela. E é como se fosse uma isca para fisgar o leitor e levá-lo até o final, a presenciar situações e experiências que envolve o velho e o novo, o sim e o não, a vida e a morte e o que existe no espaço entre um e outro.
Ela gosta de como as palavras às vezes se chocam umas com as outras e noutras vezes deslizam uma ao lado da outra, com enorme facilidade. Da surpresa que existe nisso. E gosta de que seja um poema secreto, secreto até para ela, porque não vai se lembrar dele. Ele só existirá naquele momento. - (Pág.: 100)
O que os adultos sabem? Será que eles estão certos sempre? Muitas vezes eles não se importam simplesmente.
Em algum momento os questionamentos da garota me faz lembrar o Pequeno príncipe. A trajetória pela qual Millie passa com Agatha e o Digitador é uma constante troca de sentimentos, de cumplicidade, companheirismo e aprendizado. De um lado (no conto clássico francês) um homem encarando suas dificuldades ao lado de pequeno sábio no deserto, aprendendo tanto com ele como nunca se imagina aprender com uma criança. No texto de Davis o deserto e a sede estão metaforicamente representados nas dificuldades da caminhada dos trÊs personagens, em busca da mãe de Millie, que cativa facilmente e se deixa ser cativada pelo outro também.

Agatha, Karl, Millie, todos três tem algo em comum: estavam sozinhos no mundo até se encontrarem. O destino os uniu e nesse mundo de encontros e desencontros mostrou a eles que não importa a idade, todos passam por situações difíceis, todos tem problemas e fantasmas a assombrar suas vidas. Todo mundo envelhece, todo mundo morre, no entanto é essencial que antes disso saibamos viver um dia de cada vez. É preciso deixar que o amanhã seja.
PS: Eu senti muita dificuldade para escrever essa resenha porque essa história me causou um impacto muito grande. Além disso, possui uma riqueza de detalhes e situações muito grande para caber aqui numa resenha só. Por isso, decidi fazer alguns recortes e apresentar para vocês alguns pontos importantes e deixá-los curiosos para buscar o que mais poderá encontrar na história. 
Achados e perdidos é um livro forte e impactante, cheio de metáforas e passagens poéticas, outras absurdas e exageradas, mas  com um brilho impecável e uma mensagem que fará você repensar seus atos e refletir muito depois da leitura. 

XOXO,
Diih. 


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