11 de novembro de 2015

[MUSICANDO] 'SEGREDO'


i gente! 
Hoje trago uma TAG fixa aqui do blog, chamada Musicando, onde crio um conto ou uma cena a partir de uma canção. A primeira publicação que fiz foi “Outono na Rua Brooklin” [LEIA] e agora trago mais um tema para vocês. Espero que gostem.
Sugiro que leiam escutando Segredo, da minha amada SANDY.

 

Quase duas da madrugada e enquanto o mundo inteiro dorme levanto-me da cama, desço as escadas em direção à cozinha e pego um copo d’água. Em seguida, caminho até a sala e fico parada em frente à janela olhando para a rua, bairro em silêncio, uma ou duas luzes acesas. Há dias não consigo dormir bem, com uma insônia que não me deixa em paz. Há dias que a minha insônia se tornou reflexo da saudade que não passa. Eu estou pensando em você, no que poderia ter sido, em tudo o que faltou acontecer.
Vinte anos se passaram e é curioso como ainda consigo lembrar o seu sorriso e em tudo aquilo que vivemos juntos. Todas as aventuras na rua principal da cidade, aposta de corrida na praça onde eu sempre vencia você ou simplesmente você se permitia ser vencido. De noite eu olhava pela janela do seu quarto e acho que só de ver a luz acesa meu mundo se transformava num lugar perfeito para viver. Outras vezes falávamos ao telefone, enquanto nos olhávamos por esta mesma janela e era como se estivéssemos a poucos passos um do outro. Mas agora é só uma lembrança e eu me sinto envergonhada porque lá em cima meu filho dorme no quarto ao lado do meu e o meu marido dorme ao meu lado na cama. Eu não sei explicar essa bagunça dentro de mim. Sou apaixonada por ele, mas nunca esqueci você nem sequer por um segundo. E para o meu desespero, muitas vezes te desejo aqui perto, nem que seja para te ver na janela da casa de frente para a minha.
Desde quando você foi embora naquela primavera porque seus pais precisaram se mudar para a Inglaterra, por anos pedi a Deus todos os dias para que você fosse aquele com quem eu me casaria no final de tudo. Eu tentei seguir meu caminho, com a ideia sempre em mente de que eu poderia namorar ou simplesmente me envolver com qualquer outro rapaz, mas um dia você voltaria e nos casaríamos. Porque você foi o primeiro e eu gostaria que fosse o último também. Tola que fui! Percebi que eu não estava vivendo um personagem de filme com final feliz e deixei que a realidade tomasse conta. Nós perdemos o contato um do outro de vez e mesmo que eu te procure nunca consigo encontrar indícios de onde você esteja agora, se está casado e se já tem uma família e filhos lindos como você. Eu me perdi de você e você se perdeu num mundo sem mim. Será que também me procura? Será que também pensa em voltar?
Muitas coisas mudaram durante esse tempo. Mudei de casa e agora moro em outra rua, mas no mesmo bairro. Casei com um homem incrível que me ama, me respeita e juntos tivemos um filho inteligente e tão doce e especial, que eu digo que ele é o melhor presente que tive na vida. Certo, isso é um clichê, mas toda mãe é assim e eu estou inserida nessa classe. Eu também consegui um emprego novo como diretora na maior editora do país e logo realizarei aquele sonho de publicar um livro.  Lembra que eu sempre desejei isso? Você dizia que estaria na primeira fila com um livro para eu autografar no dia do lançamento. Eu adoraria que você estivesse aqui, Pedro. Mas acho que já não tem lugar para nós. Mesmo assim vou contar nossa história, quem sabe você leia em algum lugar nesse mundo e então abra um sorriso, percebendo que eu nunca, nem sequer por um minuto, me esqueci de você.
- Elisa! – Meu marido para no meio da escada e me chama.
- Oi! Desculpa, estava sem sono e com calor, vim tomar um pouco água e já volto para a cama. – digo de maneira calma.
Ele chega mais perto e me abraça.
- Alguma coisa está preocupando ou incomodando você? – ele pergunta com aquele jeito amigo de ser.
- Não, é só que não consigo dormir mesmo Muita coisa no trabalho para resolver...
- Você sabe que pode contar comigo sempre! Estamos juntos nessa e eu prometi que lutaríamos juntos para enfrentar qualquer problema. Você se lembra disso? – Faço que sim com a cabeça. Ele sorri e me beija na testa, em seguida volta para o quarto.

Lágrimas caem dos meus olhos neste momento. Culpa. Tristeza misturando-se à felicidade, mas acima de tudo saudade. Amor. 
2015 © Diego França

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