22 de novembro de 2017

A LÓGICA INEXPLICÁVEL DA MINHA VIDA, de Benjamin Alire Sáenz


A simplicidade da narrativa e a bela poesia do mesmo autor de Aristóteles e Dante, Benjamin Alire, se repete no livro A lógica inexplicável da minha vida, que também traz personagens homossexuais e a família e a amizade como alicerce na vida de qualquer pessoa que vive seus infortúnios na trajetória difícil de uma vida.



A sensibilidade e a calmaria de seres com almas belas e atitudes plausíveis é uma constante nos personagens de Benjamin, no seu segundo livro lançado pela Editora Seguinte no Brasil. A lógica inexplicável da minha vida é um livo que traz em si uma história de crescimento e descobrimento, mas também de mudanças. 

Salvador é um jovem garoto que vive uma vida tranquila ao lado de seu pai adotivo gay e de Sam, sua melhor amiga. Mas no último ano do ensino médio o garoto começa a passar por mudanças sobre as quais ele não consegue ter controle, como uma ira que não costumava sentir e agora grita dentro dele. Além disso, Salvador tem que aprender a conviver com a ideia de que a qualquer momento sua avó e amiga pode morrer, com uma tragédia na vida de Sam e que a deixa desolada e também com o fato de um ex-namorado do pai ter aparecido e ambos estarem se reaproximando. São sentimentos que se misturam, indo do luto ao amor, da amizade à solidão. É nesse período que Sal, como é carinhosamente chamado, começa a questionar sua origem, começa a querer se entender nesse processo de mudança e tenta encontrar alguma lógica para a sua vida - que mais do que nunca dá a ele grandes desafios para que ele possa superar a si mesmo e seus medos de encarar o novo.

Sensibilidade é uma palavra que define perfeitamente o retrato que o autor pinta enquanto escreve. Mais uma vez Benjamin nos apresenta a uma família belíssima, que vive o amor e a amizade de maneira única. Cada um com suas diferenças, a família de Salvador é uma bela fotografia de uma família feliz, de gente que se entende e se respeita. 

Trazer à tona um pai homossexual, que em vários momentos se anulou de alguma forma para dar conforto ao filho, prezando pela sua educação, é um ato de muito respeito e essa representatividade do pai gay, tão pouco vista na literatura, e talvez mal visto pelos conservadores, importa sim. E o autor em questão se preocupa em fazer isso muito bem e com muita generosidade na sua história. Nesse texto lindo nos deparamos com personagens tão cheios de luz e tão ricos de valores e empatia, que é bem fácil se apaixonar logo de início e não largar mais a leitura.

A narrativa continua rápida, direta, com a marca de uma pergunta a ser refletida que fica pairando no ar. O leitor pode se sentir questionado acerca das perguntas do próprio personagem, o que é uma ótima maneira de repensar atitudes, sejam elas a partir dos personagens preconceituosos e até mesmo daqueles personagens vítimas da injustiça e do preconceito.

Salvador é o personagem que mais vive seus conflitos nesse momento. O garoto foi adotado quando era muito criança, após a morte de sua mãe e agora, com todo esse período de crescimento como pessoa se depara com perguntas frequentes e naturais a um rapaz que não conhece muita coisa do seu passado e de sua origem. Quem é seu pai, como ele é, por exemplo, é uma das perguntas que ele passa a se fazer. Sal também começa a questionar suas atitudes perante a vida e as oportunidades que tem, a sorte de ter uma família que o ama e a sorte de não lhe faltar nada. Isso se dá muito no momento em que o personagem se aproxima de um colega de classe, que é gay e é discriminado pela família de pais e irmãos drogados, que vivem numa condição de vida ruim. 
"- Por que você não foi para minha casa? - perguntei.- Sério, Sal?Você acha que eu faria isso? Não, cara, eu tenho meu orgulho. - Ele continuou falando e dizendo que encontraria um jeito e que nada o impediria de ir para a faculdade e eu fiquei me sentindo um idiota. Porque era uma coisa que eu tinha de mão beijada, como um presente debaixo de da árvore de Natal que eu sequer queria abrir." (Pág.264)
Sam também é uma personagem que que ajuda ao garoto perceber muitas coisas. Ele e a garota, que se conhecem desde muito cedo, são inseparáveis e vivem suas desavenças e seus momentos de ciúmes comum a dois amigos de infância. Não diria que um se apoia no outra, mas ambos dão as mãos nos momentos mais simples aos mais tristes e improváveis. Aqui temos uma amizade pura e bonita, entre um garoto e uma garota. E um novo amigo igualmente abraçado e amado por eles e pela família deles, o tão carismático e atraente Fito. 
"(...) Sempre vou lembrar do seu olhar. Você me enxergou. Você sempre me enxergou. Acho que isso é tudo que alguém quer. É por isso que o Fito adora vir aqui. Ele foi invisível a vida toda. E, de repente, ficou visível. Enxergar alguém. Enxergar alguém de verdade. Isso é amor." (Pág.: 326)
Talvez um dos pontos a serem questionados e repensados em "A lógica inexplicável da minha vida" é a maneira como a vida de cada personagem é exposta. De fato, são personagens vivendo seus altos e baixos, mas vivendo um lugar perfeito, a solução perfeita para seus problemas, encontrando o abraço e o apoio perfeito. Acredito ser um pouco perigoso esse tipo de imagem perfeita de família e aceitação. Percebo essa romantização nos livros do autor. Não aponto como sendo negativo a ponto de prejudicar a história, mas sim na questão da problematização sobre como é possível existir problemas maiores nessas família também. Mais do que isso, como isso é comum.

Por outro lado, são tantas as histórias tristes envolvendo personagens gays, muitos desastres, na TV, nas novelas o tempo inteiro, representando essa dura realidade (e acho isso importante sim), que ler uma história como essa é confortante, é agradável e se faz um carinho para a alma, tanto do leitor  que vive a difícil trajetória de ser homossexual num país ainda tão preconceituoso, quanto ao simpatizante ou os de fácil empatia que entende o quanto isso é doloroso e machuca o outro.

Nem romantizar, nem tornar a coisa drástica demais. É PRECISO PENSAR NUM FUTURO MELHOR, FAZER POR ONDE, MAS ENTENDER QUE OS PROBLEMAS ESTÃO AÍ E AS FAMÍLIAS NÃO SÃO SEMPRE PERFEITAS. CUIDADO PARA NÃO FECHAR OS OLHOS.

"A lógica inexplicável da minha vida" é um livro que te dá prazer durante a leitura, que te faz sorrir das pequenas bobagens e situações mais simples, até às grandes demonstrações de amor e respeito. Um livro sobre mudanças necessárias, percepções, amor e, acima de tudo, AMIZADE E COMPANHEIRISMO.

Bjux,
com carinho.





20 de novembro de 2017

ILUSTRAÇÕES DE ÉDIPO RÉGIS


Olá,

Você gosta de ilustrações? Ultimamente, com o surgimento dos livros interativos, tanto de pintura, quanto de caligrafias, as ilustrações feitas à mão têm estado em evidência. Não que ela nunca tenha existido até então, claro. Mas geralmente, antes do BOOM da internet, antes dos livros de arte, e até pouco tempo mesmo, esses desenhos já chegavam prontos e digitalizados para nós. Agora temos até a chance de vê-los ganharem vida e cor aos poucos, num incrível processo criativo e de pura beleza. 

E sobre essa linda manifestação de arte, há pouco tempo, através do perfil da Sandy no Twitter, conheci  o belíssimo trabalho do ilustrador Édipo Regis. Ele havia feito um desenho da Sandy, no clipe Respirar, e a própria cantora divulgou a imagem nas redes sociais. Eu fiquei apaixonado e logo fui pesquisar mais sobre o artista. E eu encontrei muita coisa linda, de bom gosto, de uma sensibilidade e romantismo incríveis. Precisava mostrar a vocês. 


Édipo é um jovem de 29 anos, mora em São Paulo há 11 meses, mas é pernambucano.


"Desde muito cedo dou apaixonado por desenhos e caixa de lápis de cor, giz de cera e papéis de todos os tipos. Minhas memórias mais antigas são de minha mãe brincando de adivinhar o que ela estava desenhando."

O ilustrador também era fascinado pelo universo criado por Walt Disney e Maurício de Sousa. 

"Quando cresci essa paixão só aumentou e passei a querer representar todos aqueles personagens que eu tanto amava." - E, diga-se de passagem, o rapaz representa muito bem os personagens com seus desenhos cheios de personalidade e com esse sentimento de amor e paixão exposto em cada traço.

"Na faculdade, escolhi fazer desenho industrial e fui bem feliz com a escolha." - Conta Édipo, que atualmente trabalha numa multifuncional, na área de projeto. 

Mas paralelamente a isso sou ilustrador de uma coluna, no site A BRODWAY É AQUI, onde quinzenalmente um musical de São Paulo ou Rio de Janeiro é escolhido para ganhar cores. 

Agora que você já conheceu um pouco do autor vejam mais algumas de suas ilustrações.








E então, gostaram? Eu sou fã do Regis, já declarei isso nas redes sociais e acho que já disse isso para ele umas 1000 vezes (ó lá, o exageradinho), mas vou dizer de novo. 

Para ver mais ilustrações do artista basta acessar o site  www.abroadwayeaqui.com.br 
E se quiser ter uma ou mais ilustrações só para você, entre em contato com ele através das redes sociais:




Bju, bju, pípol!
Até +!


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