20 de dezembro de 2017

'Tash e Tolstói', de Kathryn Ormsbee: Personagem assexual e o desafio de lidar com a fama



Olá!

Um dos livros que mais me despertaram interesse e me chamaram atenção no segundo semestre de 2017 foi sem dúvidas "Tash e Tolstói", da autora americana Kathryn Ormsbee. O livro foi publicado pela Editora Seguinte e traz um grupo de amigos envolvidos com uma websérie baseada em Anna Karenina, de Tolstói, entre outras problemáticas, como, por exemplo, a presença de uma personagem assexual.

 ★★★

Tash e Tolstói é um livro que traz uma narrativa clara e divertida, e uma história com uma realidade bem familiar: a vida online, no universo do youtube. A trama apresenta uma websérie baseada num clássico de Liev Tolstói, por quem Natasha, protagonista da história, tem muita admiração. A série adaptada de Anna Karienina, intitulada Famílias infelizes, não atrai a atenção de um grande número de telespectadores, até que uma youtuber famosa conhece e divulga no seu canal. A partir desse momento, Famílias infelizes passa a ser reconhecida por milhares de pessoas e finalmente os amigos chegaram onde gostariam - embora não esperassem por isso. Agora é hora de aprender a lidar com os números, a fama - seus benefícios e seus infortúnios -, e com os sentimentos que tomam conta, como a paixão que Natasha nutre por um rapaz que tem um canal no youtube também. Mas ela tem um grande dilema: como explicar ser uma garota assexual numa sociedade tão sexual? Lidar com perdas e viver dramas familiares também é uma constante na trama.

O livro é divertido e entrega o que propõe, embora inicialmente você possa não se conectar  tão bem com a trama, que parece não apresentar reviravoltas satisfatórias para ganhar a atenção do leitor. No entanto, as relações de amizade ganham destaque ao longo da história, assim como a familiar, e isso é importante, já que o clichê "a união faz a força" cai muito bem na luta pela realização de quem se reúne em prol de um sonho. A adolescência é apresentada de maneira sublime e todos eles têm sua própria voz, seus próprios objetivos e aspirações. Eles estão envolvidos no projeto da websérie, mas continuam adolescentes - tomam sorvete, fazem festa na piscina, ficam até tarde vendo filme, por exemplo -, com suas personalidades muito bem traçadas.

O grande destaque para o livro é a novidade que o texto de Kathryn traz com uma personagem assexual. Você se lembra de ter lido algum livro que aborda o assunto?

Esse não é um livro que se propõe a ser uma enciclopédia sobre pessoas que não tem atração sexual por qualquer ser humano, mas as explicações são sempre dadas na ocasião certa. Natsha, às vezes chamada de Tash, passa por um processo de descobrimento, desde o momento em que ela percebe que há algo diferente com ela, até contar para os amigos e falar sobre os medos e insegurança que tem. A personagem também é vegetariana e budista - o que também representam raridades nas tramas YAs. 

Tash e Tolstói é uma grande novidade, no que tange a vida da protagonista e sua quase imperceptível condição. Um livro que mostra alguém ganhando fama, a partir da internet, muito bem contextualizado na realidade vivida hoje por nós leitores e não leitores, telespectadores e criadores de conteúdo no youtube. O modo de falar sobre os criadores de conteúdo foi muito bem explorado, assim como todos os percalços pelos quais eles passam, como a ansiedade por não ter visualizações, a pressão do público, a forma de lidar com comentários negativos, a interação nas redes sociais, entre outras coisas. Foi tudo muito bem trabalhado. 

Você provavelmente sentirá vontade de ver Famílias infelizes  na realidade.

SOBRE A AUTORA:

Imagem retirada do site valkirias.com.br

Kathryn Ormsbee nasceu e foi criada no estado de Kentucky, mas mora atualmente em Austin, no Texas. Tash e Tolstói é seu primeiro romance publicado no Brasil, mas a autora possui outros trabalhos, como a série The Water and the Wild e Luck Few. A autora também já produziu uma série, assim como sua personagem.

Sobre a autora, encontrei essas informações no site Valkirias, que publicou uma entrevista com ela. Vale a pena conferir a entrevista e conhecer melhor a autora. 


Um Bju meu
e até a próxima!







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