Oi gente! ♥
Estou de volta e apresento a vocês mais um texto autoral. Espero que
gostem.
***
É a primeira vez que você me olha, fixa seus olhos nos meus
e demora um pouco mais. Sempre te vejo da janela de casa e, às vezes, passando
por mim na rua, mas sem me notar. Você não imagina por quanto tempo esperei até
que você me olhasse um pouco mais, como realmente sou. Sempre desejei que você
me enxergasse além dessa imagem simples que você percebe agora.
Não quero demorar, nem posso. Sinto que se fizer isso nunca
vou conseguir te dizer o que quero, já que dias e dias se passaram até eu ter um
surto dramático, desesperado, e adquirir coragem suficiente para vir até você.
Não se assuste! Você parece tímido, mas sei que não é. Às vezes, penso que é
tão pessoal essa coisa de você nem sequer se sentir tocado, incomodado pelo
fato de uma louca ter vindo até você sem maquiagem, sem uma roupa decotada e
sensual.
A maioria delas faz isso, não é? Inclusive a garota da casa
ao lado da sua. Ela sempre para na praça em frente a sua casa e eu a vejo. Está
sempre com um vestido curto e uma beleza que chama atenção de qualquer um. E
sim, ela é realmente linda. Sempre que passamos perto uma da outra eu consigo
sentir o perfume doce e sensual, até vejo um olhar seguro e decidido. Um olhar
que eu gostaria de ter, um jeito que por dias e dias tentei imitar, apenas para
que você pudesse olhar para mim também. Mas não adianta. Parece que é mais que
isso, não é?
Não sei se você percebe também, mas ela te provoca! Que
tonta eu sou, é claro que você não percebe! Seus olhos parecem blindados ou
você simplesmente não se importa com isso porque existe algo mais interessante
no corpo, na cor das pupilas, no perfume e no decote da roupa dela, é claro. Eu
sinto uma mistura de amor e ódio por você nessa hora. Será que não percebe que
é usado para alimentar a vaidade excessiva que existe dentro dela? Todos aqui
nessa rua já perceberam. Todos comentam! E é difícil para mim, olhar para a janela
de sua casa e ver que você suspira, enquanto seus olhos brilham por ela, que
alimenta um ego injusto, capaz de machucar um cara como você.
Não. Eu não estou falando de seu corpo malhado, suas mãos
bem feitas porque existem imperfeições em você que não faz de você o cara com a
imagem mais linda desse mundo. Mas há alguma coisa que faz de você alguém
especial e diferente de todos os outros, mesmo quando cria uma imagem rude para
impressionar a garota da casa ao lado. Talvez seja a maneira de ajudar as
pessoas na rua, ou como entende uma criança e um rapaz sendo discriminado. Ou
talvez seja apenas seu jeito de cantar as músicas que houve. Não sei o que é.
Só sei que há algo em você capaz de te diferenciar de todo o resto que conheço.
Definitivamente sinto vontade de bater em você! Sim, estou
nervosa, louca, desesperada. Mas isso é amor reprimido. E minhas palavras é a
única arma que pretendo usar para atingir você. Espero que você entenda de uma
vez por todas.
Estou aqui em frente a você agora porque quero que você
saiba que existe uma garota numa dessas casas esperando uma oportunidade de
abraçar você, passar as mãos pelos seus cabelos e dar a você o que merece. Acho
que todos merecem respeito, não é? Além disso, humildade também não faz mal a
ninguém.
Não costumo ser perfeita nem uso o batom mais bonito, ou a
roupa mais chamativa. Definitivamente não sou sexy, eu sei. Não quis vir aqui
toda arrumada, com uma maquiagem bem feita como minhas amigas me ensinaram
porque eu estou vivendo a vergonha, a atitude patética de gritar essas palavras
a você e tentar mudar essa situação de uma vez por todas. E quero fazer isso da
maneira mais transparente possível.
Por favor, me olhe!
Me veja! E se ainda assim essa garota sem graça não te tocar, não perca a
oportunidade de encontrar outras belezas em olhares de quem tem amor pra te
dar.
Enfim, é isso.
Estou indo embora, obrigado por me escutar. Me desculpe
pelos gritos e pela invasão. Mas eu precisava desabafar ao invés de deixar que
isso exploda dentro de mim. Só te peço que quando eu for embora, por favor,
tente não fechar as portas outra vez.
2015 © Diego França
Encontro você logo, logo.
Bjux do Diih.