♥ Olá, ‘pípol’!
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Quem já
leu o livro “A Sereia”, da queridíssima Kiera Cass? Eu acabei de ler e vou
contar agora pra vocês minha primeira experiência com a narrativa da autora –
tenho a coleção da série A seleção completa, mas ainda não
li. Lembrando que neste livro está uma cartinha que a digníssima escreveu para
os fãs brasileiros.
Não
posso negar que Kiera Cass possui uma habilidade com a escrita capaz de hipnotizar
qualquer pessoa, assim como o canto das sereias que estão desenhadas no último
livro publicado da autora. Você inicia uma leitura e a leveza da escrita carrega
o leitor para longe. No entanto, sobre a
história tenho algumas ressalvas a fazer.
Para quem
ainda não leu, A Sereia é uma releitura baseada no mito grego das
sereias, como o título já sugere (dizem que essas mulheres encantadoras
eram seres com corpo de pássaro e que elas cantavam nos oceanos atraindo os
marinheiros que acabavam morrendo afogados, após bater os navios nos rochedos).
Ser sereia quer dizer receber uma segunda chance de sobreviver durante um afogamento
após um naufrágio. Ela se junta a uma irmandade, não se machuca, não
envelhece nem sente dor e é extremamente linda. No entanto, paga um preço por
isso: de tempos em tempos precisa usar seu canto perigoso para causar
naufrágios e matar pessoas, a fim de alimentar a Água. Kahlen, uma garota
considerada a sereia mais obediente que já existiu, estava num naufrágio que
ocorreu no século 30, mas teve a chance de continuar viva sendo transformada em
sereia. Admirada por suas irmãs, a garota mais disciplinada da família é também
a mais querida pela Água, que para as garotas da casa é como uma mãe. Mas ser
disciplinada, além de viver satisfeita não é tão fácil assim, já que Kahlen
carrega uma grande culpa por todas as mortes que causou. A menina costuma sair
por aí, a fim de esquecer os pesadelos que costuma ter durante o sono e quando
vai buscar distração nos campos de uma universidade conhece o jovem Akinli, um
rapaz que poderá mudar o rumo de sua vida e que de maneira única se apaixona
pela garota, não pela sua beleza, mas por quem ela realmente é. Será que ‘vale a pena cumprir sua sentença até o fim e
finamente alcançar a liberdade, ou é
melhor sacrificar seu futuro para viver um grande amor?
O
enredo é um verdadeiro conto de fadas das sereias, onde a água tem voz,
sentimento e imperfeição. A Água é considerada um Deus, nesse caso a mãe que
deu vida às garotas livrando-as da morte. As garotas podem se envolver com quem
quiserem, mas não podem se apaixonar, são proibidas mulheres casadas e com
filhos, já que elas precisam servir única e exclusivamente à Mãe que está em
todos os lugares.
Eu
entendo que na literatura encontramos a chave para sair do mundo real, criar coisas
e histórias que fogem do comum, e eu realmente gosto disso e acho válido pelo
simples fato de termos possibilidades de caminhar por lugares incríveis. Neste
caso, no livro em destaque, somos carregados para o mar, para os oceanos, para
conhecer a “água”. Mas se eu disser que a autora conseguiu me levar para o
cenário que construiu de maneira fácil eu estaria mentindo. Como disse
anteriormente, a escrita da autora é fácil, leve e hipnotiza o leitor, no
entanto o enredo desse livro é fraco, bobo demais, nada empolgante.
Não
consegui me enxergar no ambiente proposto pela autora nem mesmo os elementos
inseridos na história são convincentes. Não consigo conceber uma sereia sem o
corpo de pássaros, andando pela cidade, usando telefone celular. Ok, é uma
releitura, é a imagem moderna dessas personagens, ainda assim em momento algum
a autora descreve as garotas enquanto estão na água. Como elas se transformam? O
corpo de cada sereia permanece humano durante o canto? Por que a Água precisa
se alimentar dos corpos de pessoas mortas? Algumas perguntas ficaram sem
respostas, um pecado na tentativa de escrever sobre esse mito lindo das
sereias.
Os
personagens também não são de total agrado. Kahlen é uma garota que não
apresenta um brilho necessário para destacar uma protagonista. Suas irmãs, que
poderiam ter um espaço maior na narrativa, ficam à margem e ganham pouco
destaque – gostaria de saber mais sobre elas, sobre suas relações amorosas, sobre
a história de vida de cada uma, que inclusive o narrador comenta em várias
passagens do texto, deixa o leitor curioso e não desenvolve em momento algum.
Assim também acontece com a vida de Akinli, o garoto apaixonado que nunca
procurou saber o por quê dos sumiços repentinos de Kahlen e sempre estava de
braços abertos para ela quando voltava.
Há algo
de positivo que eu gostaria de destacar e tem mais a ver com a relação entre os
personagens do que com a história em si. Acho muito bonita a união das irmãs, a
noção de família imperfeita, mas unida que a foi desenhada na narrativa.
De modo
geral A Sereia é um livro que tem um enredo raso, uma história linear e que não apresenta um cenário convincente. Também
não é uma história que destaque a competência que a autora tem de criar uma
narrativa empolgante, como aconteceu na série A Seleção. Mas uma coisa
é certa, é mais um texto que reafirma a qualidade da escrita – que pode-se
dizer divina – de Kiera Cass.
Bjux 1.000
Até mais!