♥ Olá!
Para começar quero declarar mais uma vez meu amor ♥ pela autora Jandy Nelson, que não tem muitos livros publicados, que não publica uma coisa atrás da outra ou escreve continuações desnecessárias de suas histórias, e nos permite, com seu conteúdo engraçado e poético, imaginar o destino de cada personagem, bem como torcer por eles. Seus livros são de uma beleza incrível.
Em 2011 a Editora Novo Conceito acrescentava a seu catálogo o livro de estreia da autora Jandy Nelson, numa capa linda e uma edição especial. Diria que o conjunto da obra ficou maravilhoso! Quando vi o livro pela primeira vez fiquei apaixonado pela proposta do enredo e, claro, pela beleza dele. E foi um acerto fazer essa leitura. Esse ano, a editora decidiu relançar o livro com uma nova versão de capa, que também está linda e dialoga perfeitamente com a capa do segundo livro de Jandy Nelson, Eu Te Darei o Sol.
|Confira a resenha de O Céu Está em Todo Lugar|
"Às vezes é preciso perder tudo para encontrar a si mesmo."
Todo mundo tem alguém, que de maneira especial nos faz sentir acolhidos, e é como um norte na nossa vida. Há pessoas em quem nos espelhamos e levamos como exemplo durante nossa caminhada, outras que nos fazem sentir como se estivéssemos protegidos de todo mal. Mas em algum momento você já parou para pensar na hipótese de que esse alguém tão especial um dia pode ir embora para sempre e viver apenas como uma lembrança?
Certamente a clarinetista Lenne Walker nunca parou para pensar como seria viver sem a pessoa mais importante da sua vida, até que uma notícia inesperada faz a garota encarar uma perda lastimável. Sua irmã, Bailey, a única pessoa em quem Len confiava todos os seus segredos morre por causa de uma arritmia fatal, durante o ensaio para uma peça. Agora tudo o que a garota tem é um quarto só para ela, com a lembrança de quando ele era ocupado por duas pessoas, e poesias que a garota espalha por todos os lugares por onde passa. E ela também tem um grande desafio pela frente: viver uma paixão, enquanto "deveria estar de luto".
"É exatamente isso. Sou loucamente triste e, em algum lugar lá no fundo, tudo o que quero é voar."
Boa parte das pessoas em algum momento da vida já se deparou com uma perda lastimável e passou ou está passando pela triste fase da aceitação da realidade, seguida pelo desapego. Len, conhecida também como John Lennon, é uma garota, cuja personalidade é confusa. Ela vivia à sombra da irmã e agora encontra-se "sozinha", sentindo-se perdida. A menina se apega demais a detalhes do passado e naturalmente não deseja livrar-se para não sair da zona de conforto. O grande desafio é tentar encarar a realidade, mas a garota apenas consegue negá-la, a todo o tempo, carregando a culpa por estar vivendo e seguindo a vida, enquanto sua irmã perdeu a vida. Len é uma personagem múltipla, que reflete um pouco de cada pessoa que está aprendendo a lidar com a morte de alguém.
Jandy Nelson escreveu uma história apaixonante no seu livro de estreia, com personagens muito reais, vivendo situações comuns as de qualquer pessoa. É fácil para o leitor se envolver com o enredo e os personagens, muito influenciado principalmente pela escrita poética e melancólica, mas ao mesmo tempo engraçada e que problematiza a questão do apego e da personalidade de uma pessoa. O leitor muito provavelmente desejará acarinhar a avó e o tio das meninas, assim como pode desejar consolar Toby, namorado de Bailey. Muito provavelmente também você vai desejar um Joe Fountaine, musico francês - apaixonante! -, na sua vida, e de modo geral poderá querer abraçar todos eles.
Narrado em primeira pessoa o romance conta com um texto leve que pode dialogar com outros romances da literatura contemporânea estrangeira. Um exemplo está para o casal romântico da história, que se apaixonarem aos poucos (ponto muito positivo), no final, quando finalmente ficam juntos, a autora tira a atenção do rapaz para focar no amadurecimento da personagem e ele só volta nos momentos finais do livro, assim como acontece em vários enredos da atualidade. E é justamente isso que me levou a comparar meus pensamentos com o da personagem Hazel Grace, de A Culpa é das Estrelas, de John Green.
Hazel queria saber a todo custo o que aconteceu com os personagens, depois que o livro acabou. E é assim que me senti ao término de O céu está em todo lugar: eu desejei saber o que acontece com Len e seu par romântico depois de fechar o livro, desejei mais e mais páginas. Mas agora, anos depois, entendo que o brilho da história poderia ser apagado se houvesse a insistência - comum ao mercado editorial no momento - de algo mais ser publicado. Porque uma das coisas mais bonitas de se ler uma história como essa, que marca uma evolução de personagem, é imaginar possíveis finais e continuações. É refletir sobre isso, é encontrar respostas sozinhos, sem que nada seja entregue pronto. É um exercício de autoconhecimento também.
"No meio dessa tragédia toda você está crescendo e isso é uma coisa maravilhosa."
De modo geral, O Céu Está em Todo Lugar traz um texto belíssimo sobre amor e perda, sobre a capacidade que temos de superar os infortúnios da vida e recomeçar. Um livro com um enredo inspirador, que nos conta que é possível viver boas lembranças sem que elas atrapalhem nosso presente e futuro, nem nos impeça de continuar a seguir nosso caminho em vida. Um texto cheio de experiências vividas pelos personagens, que nos ajudam a perceber o quanto as situações ruins também podem nos fortalecer.
Xoxo, ♥