16 de fevereiro de 2015

Resenha – ‘O céu está em todo lugar’, Jandy Nelson





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Todo mundo tem alguém que, de maneira especial, faz com que nos sintamos acolhidos e é como um norte na nossa vida. Há pessoas em quem nos espelhamos e temos como exemplo, outras que nos fazem sentir como se estivéssemos protegidos de todo mal – AMÉM. Mas alguma vez você já pensou na hipótese de esse alguém especial ir embora para sempre e viver apenas como uma lembrança?

Certamente a clarinetista Lennie Walker nunca parou para pensar sobre como seria viver sem a pessoa mais importante da sua vida, até que uma notícia inesperada a fez encarar uma perda lastimável. Sua irmã Bailey, a única pessoa a quem Len confiava todos os seus segredos, morreu por causa de uma arritmia fatal, durante o ensaio para uma peça. Agora tudo o que a garota tem é um quarto só para ela, com as lembranças de quando ele era habitado por duas pessoas e poesias que a garota espalha por todos os lugares onde passa. Ah, esqueci! Ela também tem um desafio pela frente: Viver uma paixão enquanto “deveria estar de luto”. Como pode?!

A maioria das pessoas em algum momento da vida já se deparou com uma perda e passou pela triste fase da aceitação, seguida do desapego. Len, conhecida também como John Lennon, é uma garota que tem uma personalidade confusa, já que vivia à sombra da irmã, e se vê perdida agora que está “sozinha”. Ela se apega demais a detalhes do passado e, de maneira natural, não deseja livrar-se para não sair, por completo, de sua zona de conforto. Se depara com o desafio de encarar a realidade, ao mesmo tempo em que consegue negá-la, carregando a culpa de continuar vivendo enquanto sua irmã perdeu a vida.  É uma personagem múltipla, que reflete um pouco de cada pessoa que está aprendendo a lidar com a morte de alguém ou com o término de um relacionamento, por exemplo.

A autora construiu uma história apaixonante, com situações tão reais e personagens tão comuns ao nosso dia-a-dia que, à medida que você lê, vive o que está sendo contado e cria um vínculo de amizade com os personagens. Deseja acarinhar a avó e o tio de Len, assim como deseja consolar a Toby, namorado de Bailey; provavelmente você vai querer um Joe Fountaine, músico francês – apaixonante! -, na sua vida também e de modo geral vai querer abraçar a todos.

Escrito em primeira pessoa, o romance tem uma narrativa leve e engraçada, que dialoga com outros romances clássicos da literatura estrangeira. O ponto fraco está no casal romântico que, durante a história, apesar de se apaixonarem aos poucos - diferente de alguns romances que a paixão surge no primeiro olhar -, no fim, quando finalmente ficam juntos, a atenção que a autora dá para eles é tão pouca que o garoto fica quase ‘inexistente’ nas últimas páginas do livro. No entanto, é justamente isso que me levou a comparar meus pensamentos com o da personagem Hazel Grace, do livro a culpa é das estrelas; eu quero descobrir o que aconteceu com os personagens depois que o livro acabou. A história deveria continuar.

De modo geral, O céu está em todo lugar representa o amor, a perda, bem como a capacidade que todos nós temos de recomeçar uma nova vida. Nos mostra que é possível viver as boas lembranças sem que elas atrapalhem o nosso presente e futuro. São experiências que nos ajudam a perceber o quanto as situações ruins também podem nos fortalecer.

"No meio dessa tragédia toda você está crescendo e isso é uma coisa maravilhosa."

Beijos,Diego França*
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