Olá, pessoas! ❤
Animadas para o final de semana? Hoje é sexta-feira e não há dia melhor para me deixar mais feliz. Então, feliz Sexta-feira para você também, que está no último dia de trabalho ou no último dia de aula da semana, na escola ou faculdade. E até para você que já está de folga neste dia para chamar de maravilhoso.
Voltei para desabafar com vocês, para falar de mais uma situação e um discurso que me agrada muito, mas que também me incomoda. Me agrada porque valorizar o que é nosso vai ser sempre um ato importante, principalmente no que tange à língua e a literatura portuguesa; me incomoda porque nem sempre as pessoas entram de cabeça e fazem valer o que foi proposto. Como já viram no título, é sobre esse discurso que a gente lê e ouve muito ultimamente: Leia Nacional, Valorize a Literatura Nacional.
No início do semestre na faculdade a professora de Literatura Contemporânea trabalhou com nossa turma um texto intitulado 'A Literatura na Era da Multiplicidade', assinado por Beatriz Resende, uma crítica e pesquisadora da UFRJ. Como já está claro no título do texto, estamos passando por uma fase em que o avanço da tecnologia e os instrumentos para a troca de informações está crescendo muito rápido, com isso multiplicando as possibilidades para produções e publicações de obras literárias. Sendo assim, a autora aponta três características que comprovam isso: a fertilidade da forma de expressão, que envolve as muitas publicações e a grande quantidade de autores que estão surgindo na atualidade, se aproximando e se apresentando ao lado de autores já consagrados. A segunda constatação da autora está para a qualidade dos textos e o cuidado com a preparação do que está sendo produzido - o que é algo inegável. E por último, temos a multiplicidade (heterogeneidade), que vem com o caráter não excludente de diversos modelos de produção.
O comentário acerca do texto de Resende só me serviu de apoio para confirmar o quanto a literatura nacional está crescendo e o quanto as pessoas estão cada vez mais autônomas, tendo liberdade para contar e publicar suas histórias. Mas o tema central do que tenho a dizer não está na visível heterogeneidade das publicações, e sim, no que está por detrás de cada texto, seja através de um nome próprio, de um título e das expressões estrangeiras que aparecem demasiadamente nesses textos.
Será que a literatura nacional se caracteriza apenas como uma literatura escrita com a nossa língua materna? Faz sentido incentivar a leitura de textos nacionais que ao invés de me inserir no meu país me desloca do meu lugar de origem e me insere numa história que enaltece apenas a cultura de outro país?
Será que a minha história precisa realmente apresentar personagens com nomes estrangeiros e o cenário precisa também estar totalmente além das fronteiras nacionais? E os títulos das minhas publicações (isso inclui a linguagem dos blogs e canais do youtube) precisam necessariamente vir carregados de estrangeirismos, totalmente escritos numa linguagem internacional? Posso até está sendo chato me apegando aos mínimos detalhes, que até pode parecer irrelevantes, mas se você parar para analisar vai perceber que as influências de fora estão dominando você e não você dominando o que tem de "novo" - a segunda língua, que é de extrema importância, claro.
Não estou aqui para ser extremo e dizer que é preciso abolir do meu vocabulário os estrangeirismos. Jamais. Eles existem, dão cor cor e uma por vezes enriquecem o texto, além de que algumas palavras estrangeiras preenchem as lacunas que existem na nossa língua. Mas analise comigo: se eu estou numa campanha de incentivo à leitura de livros nacionais, se nessa campanha eu também estou escrevendo um texto, um projeto de um livro, por que não apresentar as belezas do nosso país, nossa cultura, nossos falares, nossos nomes próprios? Por que não escrever títulos que nos aproximem mais do que vivemos aqui na nossa realidade? Será que não somos capazes de produzir um texto que nos incentive a mergulhar na nossa própria cultura e conhecer a diversidade cultural que temos por aqui?
Nós precisamos de obras que nos aproximem ainda mais da minha cultura que é nossa. Quero que me mostrem a Maria e o João; quero conhecer o Pedro, a Paula, a Iracema e a Carolina. Quero ver o verde do meu país representado nos enredos, cada canto do país sendo mostrado nas diversas tramas. Quero que aponte a violência e os problemas do meu país também, como um arranhão na consciência de cada cidadão.
O Eduard, o Gerard, a Trace e o Jordan vão sempre existir nas páginas dos livros e nós sempre vamos ler suas histórias porque é importante, porque nos acrescentam algo também, assim como conhecer Paris, Londres, Nova York, Idaho, que também nunca estarão afastados das grandes histórias. E tudo isso é válido porque a gente realmente precisa prestigiar o novo, o que está além do que temos aqui. Mas isso só é saudável quando existe para somar e não afastar você da identidade que adquiriu ao longo do tempo.
Qual o sentido do discurso 'Leia Nacional', se você recebe uma história que de alguma forma te afasta da sua nacionalidade? E não estou falando de fantasia, de outro mundo, de coisas inventadas. Estou falando dos textos que nos fazem sentir deslocados do nosso próprio lugar.
Não precisam concordar comigo, adoro debates e adoraria saber a opinião de vocês sobre o que foi dito.
XOXO,
Diih ❤