A ÚLTIMA HISTÓRIA DE AMOR
Um passo, dois, três passos à frente
e começa a caminhada de Luiza vida afora. Suas pernas doem, seu coração ainda
surta descompassado. Seus passos adquirem lentidão na caminhada e encontram dificuldades.
Sua mente está confusa, cheia de ideias, pensamentos azuis, sujos, surreais. Tudo
o que ela precisa é organizar seu mundo, arrumar a cama bagunçada e deitar sua
tranquilidade.
Alguns anos passaram até Luiza
chegar à nova vida. Sonhos perdidos, amigos novos, inimigos. Deparou-se com
mentiras. Algumas poucas verdades e quedas que deixaram machucados fortes, visíveis
a olho nu. Mas Luiza, a menina da cidade grande, de moradia pequena e tão
introspectiva, sempre disposta a dar o primeiro passo, encontrou uma nova
família, um novo lugar.
Então Luiza se apaixonou, fez juras
de amor, encarou novos planos. A felicidade lhe sorria e se antes sentia medo, tinha receios de
encarar o novo, o belo, hoje aprendeu a sorrir e se arriscar mais. Quando
conheceu Pedro, o amor virado pelo avesso, sua vida mudou completamente. Aprendeu
a se amar, a decidir mais, a dedicar-se mais ao próprio bem-estar. Aprendeu até
a chegar em casa tarde e a ser ela mesma onde quer que estivesse. Se antes o
seu despertador marcava as seis da manhã ao som de piano, agora a chamada é uma
trilha sonora estilo balada-matinal. A garota sonha mais, se comunica mais e se
abre a novas experiências, e novos estilos de filmes e festas.
É fato: Luiza sempre foi Jazz, Pedro
sempre foi axé; Luiza é poesia pura, Pedro é pura ação. Luiza vive cercada de
livros e Pedro cercado de tecnologias avançadas. Mesmo assim eles seguiram seus
caminhos aprendendo um com o outro, completando aquilo que falta em suas vidas.
Luiza também ensinou muito a Pedro. Ele agora é um rapaz mais responsável, fala
menos palavrões, adquiriu uma considerável vontade de construir uma ponte para o
futuro e a colocar o seu lado inteligente para fora de si até que pudesse
tornar isso algo visível.
A felicidade era plena? Valeu a pena
viver tudo aquilo? Luiza nunca quis me responder. Ela prefere deixar tudo
escondido em sua caixinha de sonhos interrompidos, guardados a sete chaves.
Prestes a casar, Luiza planejou um
cantinho para eles, escolheu padrinhos e madrinhas de casamento, além das
testemunhas. Tudo muito simples. Também escolheu a qual festa iria, onde
abriria o primeiro Champanhe do ano que está por vir e qual presente daria no
dia primeiro, quando completariam, não somente um novo ciclo de vida, mas
também, mais um dia, mais um mês, mais um ano juntos.
Agora Luiza precisa aprender outra
lição. O nome dessa lição é simplesmente “desconstruir tudo”. Ela chora, dói
tudo por dentro e mais uma vez ela se entrega ao quartinho escuro e se deixa
molhar com a chuva trazida por uma nuvem negra vinda do Atlântico. Tudo porque
o amor que Pedro sentia de manhã deixou de existir à tarde, quando ele seguiu
uma nova estrada que não poderia leva-lo até ela. A história que poderia ter
uma continuação feliz acabou na cena de número sete, intitulada “Um dia eu
partirei.”.
“... E deixarei tudo para trás.” E assim será. Luiza, neste exato
momento, está pegando o vôo das oito horas e se perguntando “o que mais o amor
poderia fazer”? Ela está nos dizendo adeus e eu só quero saber quem irá me salvar
da saudade de você, Luiza?
E é assim Luiza me diz Adeus.
Citação: One day I’ll fly away, (Moulin Rouge).
©Diego França*