23 de novembro de 2012

Luiza e Pedro



A ÚLTIMA HISTÓRIA DE AMOR


Um passo, dois, três passos à frente e começa a caminhada de Luiza vida afora. Suas pernas doem, seu coração ainda surta descompassado. Seus passos adquirem lentidão na caminhada e encontram dificuldades. Sua mente está confusa, cheia de ideias, pensamentos azuis, sujos, surreais. Tudo o que ela precisa é organizar seu mundo, arrumar a cama bagunçada e deitar sua tranquilidade.
Alguns anos passaram até Luiza chegar à nova vida. Sonhos perdidos, amigos novos, inimigos. Deparou-se com mentiras. Algumas poucas verdades e quedas que deixaram machucados fortes, visíveis a olho nu. Mas Luiza, a menina da cidade grande, de moradia pequena e tão introspectiva, sempre disposta a dar o primeiro passo, encontrou uma nova família, um novo lugar.
Então Luiza se apaixonou, fez juras de amor, encarou novos planos. A felicidade lhe sorria  e se antes sentia medo, tinha receios de encarar o novo, o belo, hoje aprendeu a sorrir e se arriscar mais. Quando conheceu Pedro, o amor virado pelo avesso, sua vida mudou completamente. Aprendeu a se amar, a decidir mais, a dedicar-se mais ao próprio bem-estar. Aprendeu até a chegar em casa tarde e a ser ela mesma onde quer que estivesse. Se antes o seu despertador marcava as seis da manhã ao som de piano, agora a chamada é uma trilha sonora estilo balada-matinal. A garota sonha mais, se comunica mais e se abre a novas experiências, e novos estilos de filmes e festas.
É fato: Luiza sempre foi Jazz, Pedro sempre foi axé; Luiza é poesia pura, Pedro é pura ação. Luiza vive cercada de livros e Pedro cercado de tecnologias avançadas. Mesmo assim eles seguiram seus caminhos aprendendo um com o outro, completando aquilo que falta em suas vidas. Luiza também ensinou muito a Pedro. Ele agora é um rapaz mais responsável, fala menos palavrões, adquiriu uma considerável vontade de construir uma ponte para o futuro e a colocar o seu lado inteligente para fora de si até que pudesse tornar isso algo visível.
A felicidade era plena? Valeu a pena viver tudo aquilo? Luiza nunca quis me responder. Ela prefere deixar tudo escondido em sua caixinha de sonhos interrompidos, guardados a sete chaves.
Prestes a casar, Luiza planejou um cantinho para eles, escolheu padrinhos e madrinhas de casamento, além das testemunhas. Tudo muito simples. Também escolheu a qual festa iria, onde abriria o primeiro Champanhe do ano que está por vir e qual presente daria no dia primeiro, quando completariam, não somente um novo ciclo de vida, mas também, mais um dia, mais um mês, mais um ano juntos.
Agora Luiza precisa aprender outra lição. O nome dessa lição é simplesmente “desconstruir tudo”. Ela chora, dói tudo por dentro e mais uma vez ela se entrega ao quartinho escuro e se deixa molhar com a chuva trazida por uma nuvem negra vinda do Atlântico. Tudo porque o amor que Pedro sentia de manhã deixou de existir à tarde, quando ele seguiu uma nova estrada que não poderia leva-lo até ela. A história que poderia ter uma continuação feliz acabou na cena de número sete, intitulada “Um dia eu partirei.”.
“... E deixarei tudo  para trás.” E assim será. Luiza, neste exato momento, está pegando o vôo das oito horas e se perguntando “o que mais o amor poderia fazer”? Ela está nos dizendo adeus e eu só quero saber quem irá me salvar da saudade de você, Luiza?
E é assim Luiza me diz Adeus.

Citação: One day I’ll fly away, (Moulin Rouge).


©Diego França*



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