13 de novembro de 2017

O Menino do Pijama Listrado, de Jonh Boyne



Olá!
Há muito tempo ouço amigos leitores questionando "como assim você não leu 'O menino do pijama listrado?!'". A maioria dos que já leram indicam e ainda dizem "Di, se bem te conheço você vai chorar". Finalmente consegui fazer essa leitura e tive o prazer de ler essa edição especial de aniversário, com capa dura e ilustrações, além de uma "carta" do próprio autor (a primeira versão do livro foi lançada há 10 anos pela companhia das letras). Devo dizer que estou apaixonado pela história e fui conquistado pelo protagonista e seu amigo, e a amizade que nasce entre eles.

Bruno é o protagonista desse livro, e toda a história - narrada em terceira pessoa - se desenrola a partir do seu olhar para as coisas que acontecem ou existem ao seu redor. Com apenas nove anos o garoto vê sua vida mudar quando sua família se muda de Berlin para um lugar muito distante. O motivo? Seu pai é um oficial nazista promovido. Neste novo lugar onde está morando, Bruno descobre pessoas trabalhando no campo (ele vê da janela de casa), todas vestindo o mesmo tipo de roupa listrada, roupas que mais se parecem com pijamas. Ele não entende ainda quem são aquelas pessoas, mas sua curiosidade (algo comum às crianças), e o tédio que sente nessa nova realidade fazem com que ele se questione o que vê. O que ele não sabe é que aquele é um campo de concentração e as pessoas que ali trabalham são judeus escravizados. Bruno sabe que não deveria, mas resolve explorar o novo lugar onde mora. Dessa forma, ele acaba chegando aos arredores do campo de concentração e conhece Shmuel, um garoto que não condiz com a descrição denegrida que seu pai faz dos judeus. E assim, com tantas diferenças, Bruno e Shmuel se tornam amigos e os momentos que passam juntos, separados apenas pela cerca de arame, tornam os dias daquelas crianças mais suportáveis.

A narrativa foi construída de forma a segurar informações até o último segundo, então no final de cada capítulo vamos recebendo pequenas informações cruciais para a história e isso nos permite entender melhor como o pequeno Bruno descobre as coisas e sua maneira de enxergar o mundo, por exemplo. É interessante que o livro fala de um assunto impactante, mas vemos a história através dos olhos de uma criança de nove anos. Parece realmente que essa criança em questão está ali, narrando sua vida para nós. Vemos a delicadeza, a curiosidade e até a birra do protagonista de forma muito natural, muito bem escrita pelo autor. 

Apesar de nos envolver numa história cujo enredo se desenvolve num período de guerra, em que traz à tona também a questão da "solução final contra os judeus" e o Holocausto, a narrativa é leve e o foco maior está para como aconteceu a amizade entre Bruno e Shmuel. A beleza desse relacionamento é especial, embora nem sempre feliz. Mas o valor da amizade, o quanto ela pode nos salvar dos infortúnios e o quanto ela nos faz enxergar muito além está aqui.  
"Então Shmuel fez algo que nunca havia feito antes: ele ergueu a parte de baixo da cerca como sempre fazia quando o amigo lhe trazia comida, mas desta vez ele estendeu a mão por baixo e a manteve lá, esperando até que Bruno fizesse o mesmo. Os dois meninos apertaram as mãos e sorriram um para o outro.
Foi a primeira vez que eles se tocaram." (Pág.: 152-153)
Outro ponto positivo da narrativa é a construção do personagem Bruno. A personalidade do menino é muito bem desenhada, de forma que podemos perceber facilmente manias e aspectos de uma criança na idade do nosso protagonista. Além de inteligente, o garoto é também ingênuo em alguns momentos e observador. Um dos aspectos que torna a narrativa tão coerente com a proposta do texto e a escolha do protagonista é a constante repetição de frases, que Boyne coloca no texto, típica de crianças quando está diante de novas expressões e com isso utiliza sempre de forma repetitiva nos seus discursos. 

Nessa nova edição, em capa dura, Jonh Boyne conta com o belo trabalho de ilustração de Oliver Teffers, que com seus traços tão bem feitos e tão expressivos soube ilustrar de forma impecável essa história sensível e tocante. 


O menino do pijama listrado é um livro pequeno, mas que traz consigo uma carga de sentimentalismo muito grande. Traz um texto impecável, tocante, que capta toda a atmosfera que rege a vida de uma criança e o quanto a guerra afeta sua infância de alguma forma. A amizade entre os personagens que Boyne desenhou é um quadro lindo que merece ser apreciado.

XOXO,



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