9 de fevereiro de 2019

Apesar de Tudo: uma história sobre o grande encontro


Olá, ♥️

Sempre que começar a escrever uma resenha de qualquer livro voltado para o público infanto-infantil farei questão de deixar claro o quanto sou apaixonado, o quanto sempre farei questão de indicar (é claro que sendo criterioso nas escolhas também) e o quanto gostaria de que algumas pessoas deixassem seus preconceitos de lado e entendessem que a literatura infanto-juvenil é capaz de nos ensinar: a) sobre como sermos pessoas melhores; b)sobre como podemos educar nossos filhos - para o sim e para o não; e c) sobre como podemos resgatar valores que com o tempo, por alguma razão, perdemos.


Apesar de tudo chegou para mim num momento de correria e foi o último livro que li ano passado. Ele chegou no último dia do ano, depois de um período de puro estresse com o TCC e foi um carinho na alma para todo o caos que vivi e que me provocou exaustão naquele período. Estava precisando ler algo leve e inspirador. E acertei.

Leve e inspirador são duas das características que atribuí muito carinhosamente a esse livro. Grandioso é mais uma característica que não poderia deixar de existir se tratando do livro em questão. Numa edição de capa dura, com ilustrações e texto de Dipacho, publicado pela Companhia das Letrinhas, "Apesar de tudo" nos apresenta o grande encontro de dois pinguins, que mesmo rodeados de tantos outros se sentem sozinhos - e quantas pessoas não se sentem assim, não é mesmo? Nessa caminhada, um dos pinguins acaba encontrado aquele outro ser que chegou para fazer a diferença na vida dele. E quando falo "fazer a diferença" passo longe da dependência, mas sim da importância de se ter o afeto, se sentir coisas boas ao estar com alguém, de se ter um amigo para contar nos momentos felizes e de infortúnios também.

A história não se trata de uma incansável procura, como, por exemplo, aconteceu em "A parte que falta", de Shell Silverstein - livro cuja resenha já foi escrita por mim também. Apesar de tudo é sobre encontros inesperados e valorosos que temos na vida. É sobre as adversidades encontradas durante a caminhada do ser sociável e que também é sentimental.

|Leia a resenha de A Parte que Falta e A Parte que Falta encontra o Grande O|


É sobre laços criados nesses momentos de dificuldades e sobre como resistir e superá-los. É sobre lutar pelo bom convívio e superar as dificuldades que encontramos durante a caminhada. E eu acho isso muito belo, pois vivemos um momento de nossas vidas que a fragilidade dos sentimentos e a não disposição das pessoas são como veneno e acaba por destruir relações que poderiam dar certo se cuidássemos melhor delas e estivéssemos dispostos a lutar por ela também. E a partir disso eu deixo um exemplo de como uma história voltada para o público infanto-juvenil pode nos levar a refletir sobre nossos atos em qualquer momento de nossas vidas. 

Como está sua resistência e sua disposição para lidar com as adversidades encontradas pelo caminho?
Estava sozinho
E te encontrei.
Não sei se fui eu que te encontrei,
ou você que me encontrou.
Mas decidimos caminhar juntos.
Apesar de tudo foi lançado em 2018 no Brasil com tradução de Mell Brites e apesar da quantidade pequena de páginas temos um grande texto, que nos leva a refletir sobre as dificuldades encontradas na nossa caminhada com o outro e nos inspira a querer lutar para viver o reencontro com ele e com os bons sentimentos. 

Espero que você leia e se inspire assim como me senti inspirado e emocionado.
♥️
PS: Não esqueça de contemplar as ilustrações também, é impossível não se apaixonar por esses pinguins. 

Bjão,
até logo! ♥️

4 de fevereiro de 2019

UM ARTISTA DO MUNDO FLUTUANTE, DE KAZUO ISHIGURO


Olá! ♥️
Carnaval ainda nem chegou, então o ano nem começou direito. Vou apresentar mais uma leitura de 2018 e contar para você minhas impressões. Antes, quero deixar claro: ler Kazuo Ishiguro para mim foi um caminho sem volta. Depois que li um livro não quis mais parar e as edições da Companhia das Letras também não deixam a desejar. 


Masuji Ono é um um artista aposentado. Sempre foi apaixonado pela pintura, mas conviveu com o olhar preconceituoso de seu pai em relação a arte. No entanto, apaixonado pelo que fazia, o homem decidiu enfrentá-lo e seguir com seu amor. Masuji foi um pintor renomado e durante seu desenvolvimento criativo, lutou contra as amarras da arte tradicional japonesa para dar lugar a uma produção propagandística a serviço do país, sobretudo ao longo da Segunda Guerra Mundial. E agora enquanto o Japão tenta se recuperar das atrocidades causadas pela guerra, reconstruindo espaços com um olhar esperançoso para o futuro, Ono vive uma vida calma cuidando de sua casa e de seu jardim, além de passar algumas noites bebendo ao lado de velhos amigos e de morar com a filha.  Quando o noivo dela decide não mais casar às vésperas do casamento, Masuji começa a fazer uma viagem pelo passado e revisitar sua vida, analisar seus atos e o que herdou de seus descendentes para compreender quem é nesse momento atual de sua vida.

Ishiguro é o tipo de autor que talvez não atinja com louvor a todos o públicos, mas uma coisa não se pode negar: sua narrativa é reconhecível. O autor tem um jeito especial só dele, então sua personalidade como autor está marcada em cada uma de suas narrativas. Isso faz dele um autor renomado e especial e um dos poucos que conseguem tomar a atenção do seu leitor com um texto reflexivo e poucos diálogos.

Em "Um artista do mundo flutuante", Ishiguro só reafirma sua originalidade e nos apresenta um texto reflexivo que nos leva a um passeio pelas "moradas" de um artista renomado e todas as situações vividas na família, quando ainda era criança, por exemplo, e na vida social e profissional. Característica presente em todas as obras que li do autor, a auto-reflexão como um ato de entender seu momento atual e a pessoa que se tornou está presente no texto, que mais uma vez coloca na mesa questionamentos pertinentes sobre a vida e sobre como nossas atitudes e as atitudes de nossos antepassados podem influenciar nossa vida e nossa personalidade.
"[...] devo dizer que acho difícil entender como qualquer homem que valorize seu amor-próprio procure evitar por longo tempo a responsabilidade de seus atos passados."
Além de trazer à tona o olhar para o passado e a reflexão na forma como atua na vida das filhas o texto de Ishiguro também destaca a questão do preconceito, da mulher submissa, das desigualdades e das problemáticas sociais, já que estamos num cenário pós-guerra, momento de reconstrução no país. O autor também não abre mão do tom nostálgico que é uma marca nas suas histórias.

Quando escrevi resenha dos livros anteriores que fiz a leitura (O Gigante Enterrado e Não me Abandone Jamais) eu falei sobre os capítulos longos e lentos, reflexo das reflexões feitas pelo personagem e pelos importantes detalhes que nos situam no local em que o personagem está. Isso também é presente neste livro e como disse anteriormente não irá agradar a todos os leitores, mas se o novo leitor se permitir embarcar nessa leitura e conhecer esse mundo flutuante de coração aberto vai perceber o quanto a reflexão do personagem vai despertar o desejo da auto-reflexão também.

| Leia a resenha de O Gigante Enterrado |
| Leia a resenha de Não me Abandone Jamais |

Um Artista no Mundo Flutuante é um livro que te provoca a repensar atitudes e fazer uma análise pessoal do seu passado e de suas atitudes naquele período também. É um livro acima de tudo sobre o ser o humanos e suas imperfeições, seu erros, seus acertos e sua luta diária pela sobrevivência num ambiente caótico. 

Bjão,
Di ♥️


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