Olá,
como vai de leitura? Já tentou se abrir para um novo estilo de livro hoje? Acho que estou aqui para lhe convencer a fazer isso nesse post. Será que consigo?
O título sobre o qual escrevo para você chama atenção pelo grande título, primeiramente, mas também atrai pela narrativa sci-fi (o tipo de narrativa que lida com conceitos ficcionais e imaginativos, trazendo histórias com cenários futurísticos). Para mim foi um desafio fazer essa leitura. E foi um desafio válido, já que ela se apresentou da melhor maneira possível e me deixou satisfeito.
Que tal se desafiar e embarcar nessa aventura intergaláctica cheia de novidades?
A longa viagem a um pequeno planeta hostil, de Becky Chambers, foi lançado em 2017 pela editora Darkside. A narrativa de Becky representa uma grande novidade no catálogo da caveirinha, pois é o primeiro livro do gênero a ser publicado por eles. Nessa viagem a um pequeno planeta hostil, vamos embarcar na nave Andarilha, que viaja de planeta em planeta com uma tripulação repleta de seres distintos, que vêm de planetas diferentes, para juntos construírem ligações entre diversos locais no espaço, para conectar civilizações em todo o universo. Você vai se deparar com um piloto reptiliana, uma estagiária vinda de Marte, um médico de gênero fluído, entre outros personagens que encantam pela complexidade e por suas personalidades bem construídas para esse novo mundo que você irá conhecer.
Eu não sabia bem o que esperar quando me dispus a ler a narrativa em questão, afinal ela foge dos gêneros que costumo ler no dia-a-dia e da bagagem que trago comigo na minha trajetória como leitor. Mas essa foi uma grande e satisfatória novidade. Encontrei nesse planeta hostil a diversidade, o novo, um mundo onde seres de todo tipo aprendem a viver com as diferenças e entendem que para um bom convívio, para um bom feito nas coisas que se propõem a construir só tem-se um bom resultado se houver união e respeito.
O texto se apresenta de maneira agradável, numa narrativa sem grandes reviravoltas. O universo é muito bem desenhado e conta com nove personagens - que se destacam pela complexidade que existe em suas ações e atitudes, no contexto do que a tripulação vive na nave Andarilha. São oito personagens físicos e um personagem que se apresenta como uma inteligência artificial, todos com histórias de vida diferentes, de raças diferentes, completamente distintos e muito bem construídos. O mais bonito de ver - e que eu adoraria ver na nossa realidade - é que em meio a tanta diversidades todos eles interagem entre si de alguma forma.
Inicialmente você pode pensar que a história é sobre a viagem e que vai focar na vida de um único protagonista. No entanto, mais a frente é perceptível que cada um protagoniza a história num determinado momento. O narrador em terceira pessoa, às vezes nos conta sobre a viagem, outras vezes faz um passeio pela história de vida de cada um dos personagens e vai intercalando durante a história. Para alguns, esse pode ser um ponto negativo já que a história se torna linear demais e parece não ter proposito algum além de falar sobre os seres diversos e o pequeno planeta. Mas saiba, o propósito do livro não está em criar grandes reviravoltas e guerras.
É impossível que durante a leitura você não se lembre da série Star Wars, uma viagem também intergaláctica, cujo objetivo era destruir o lado negro da força, protagonizado pelo vilão Darth Vader, na trama de George Lukas. Mas nessa longa viagem a um planeta hostil, de Chambers, o foco não está na luta, nas aventuras e guerras intergalácticas. O foco dessa narrativa é o debate social e as diversas questões que problematiza, como o racismo, o poliamor, o feminismo a, amizade e os novos conceitos de família que fazem parte do nosso "universo".
"Eram os sons da vida dos espaciais, que enfatizavam a vulnerabilidade e a distância. Eram lembretes de como a vida é frágil. Contudo, esses sons também indicavam que todos na nave estavam a salvo. A ausência de ruídos significaria que o ar tinha parado de circular, que os motores não estavam funcionando, que a gravidade artificial não prendiam mais a tripulação ao chão. O silêncio pertencia ao vácuo lá fora. O silêncio era a morte." (Pág.: 12)
A longa viagem a um pequeno planeta hostil é um livro valioso, que traz em seu conteúdo uma ficção que pode facilmente se confundir com a realidade. Um texto que traz à tona as diferenças e uma mensagem pertinente sobre não se calar diante das adversidades da vida.
"Uma obra grandiosa, humana e profunda que aborda questões políticas e de gênero com um otimismo estimulante." - TGE GUARDIAN -
Um Bju meu,
com carinho. ♥