27 de agosto de 2018

'O Diário de Myriam', por Myriam Rawick.


Olá!
Tudo bem? ♥️

Você já leu O Diário de Myriam, relato de uma garota que sobreviveu à guerra na Síria? A Darkside lançou há poucos meses esse livro que traz o escrito de uma garota que começa com toda sua inocência e que ao passar do tempo vai adquirindo uma maturidade precoce por conta do caos da guerra.


O Diário de Myriam traz em suas páginas relatos de uma garota vivendo os infortúnios de um longo período de guerra na Síria. A menina Myriam começou a escrever um diário ainda muito novinha, tanto que é possível perceber a simplicidade nas suas palavras e no que está sendo contado, como o que ela fez no dia, para onde foi, o que gosta de fazer nos tempos livres, entre outras coisas. Os relatos começam a partir do de junho de 2011, Myriam ainda com seis anos de idade, com momentos calmos envolvendo família, amigos, passeios pela cidade, brincadeiras; até chegarmos ao momento em que as coisas começam a mudar e a escrita ganha um tom de melancolia e tristeza; às vezes, adquire também um tom saudosista.

Com fotografias fortes e prefácio do repórter, fotógrafo e correspondente de guerra, Yan Boechat, e tradução de Maria Clara Carneiro, o livro foi organizado pelo também repórter de guerra Francês, Phillippe Lobjois, que após a eclosão da guerra, decidiu ir até Alepo onde descobriu a história de Myriam e após encontrá-la trabalharam juntos para a organização desse livro que se tornou sucesso entre as crianças.

No início do livro, por exemplo, o leitor vai se deparar com algumas cartinhas fofas de crianças pedindo o lançamento do livro no Brasil, pois eles viram a notícia no Jornal do Joca, um jornal criado para Jovens e adolescentes no Brasil, e gostariam muito de conhecer a história de Myriam. 

À medida em que lê as páginas do diário, o leitor participa das alegrias e aflições presentes na narrativa. É quase impossível não se sentir tocado e não se colocar no lugar de uma garota que aos poucos foi perdendo o brilho de sua alegria para o medo, que teve que abandonar seu lar e seus brinquedos, teve que dar tchau a alguns amigos e que viu outras crianças e adultos passando necessidade, mas que nunca desistiu dos estudos, muito pelo contrário: Myriam arriscava a vida todos os dias indo para escola. Brincar na rua, ser livre já não podia mais. O que Myriam fazia era ficar em casa, muitas vezes sem energia, ouvindo sons de tiros e explosões ao lado dos pais e da irmã mais nova.
"Então, fui ao meu quarto.  Coloquei todos os livros da escola em minha mochila, uma bela bolsa rosa e branca com a Hello Kitty que mamãe tinha  há dois anos para a volta às aulas. Nós nos despedimos de todas as nossas bonecas , que juntamos e pusemos em uma grande mala aberta. Demos beijinhos nelas todas, dizendo-lhes que a gente esperava revê-las logo e que a gente não ia deixá-las muito tempo sozinhas." P. 172
Mas uma das coisas que também chamaram atenção, agora de um ponto positivo, é ver o quanto as pessoas em Alepo (cidade onde Myriam morava) se uniram e foram solidários uns com os outros no período de guerra. Eles dividiam lares, alimentos, comoções. Isso me fez perceber que ainda existem pessoas que se unem e se protegem. Pessoas que dividem, se abraçam, cuidam umas das outras. Infelizmente, muitas vezes só percebemos isso em momentos de infortúnios como aconteceu durante essa guerra. Acredito que isso é uma das coisas mais bonitas de recortar nessa narrativa.

Li há algum tempo o livro "A Guerra que salvou a minha vida", também lançado pela Darkside, e ao me deparar com o título pela primeira vez fiquei imaginando como uma guerra poderia salvar a vida de alguém. E foi após essa história que aprendi a extrair dos momentos de caos também uma razão para agradecer. Quando li Myriam e nos relatos em que ela contou sobre os vizinhos, sobre arrecadar alimentos e roupas para os desabrigados, entre outros atos de solidariedade, eu encontrei aqui o amor em meio ao ódio. E isso é o que podemos extrair de bonito nos dias cinzas de guerra que se seguiram por anos.

O Diário de Myriam é um livro emocionante sobre a guerra e sobre como ela pode transformar a vida de uma pessoa para o bem e para o mal, sobre como ela deixa marcas. Mas também é uma história sobre amar ao próximo, sobre solidariedade, sobre ter coragem. Uma história de pessoas tentando sobreviver em meio ao caos sem deixar que os dias cinzentos, os tiros e explosões retirem o principal de dentro deles: a vontade de viver seus sonhos e lutar pela vida.

Uma leitura para toda a família.

Um Beijo,
com carinho ♥️

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