Olá! ♥️
Como vai?
Grandes surpresas nos são reveladas ao longo de nossas vidas, no nosso dia-a-dia, no âmbito profissional e pessoal. Isso também acontece na nossa vida de leitor. Em meio a tantas discussões sobre o que é literatura ou não e a desvalorização dos trabalhos de quem está chegando agora descobrimos talentos e textos que dialogam muito bem com a gente e de certa forma nos conforta porque faz com que não sintamos sozinhos. Uma dessas surpresas com a qual me identifiquei muito é "Algumas histórias sobre a falta", de Maria Luiza Maia.
Uma das maravilhas em relação a esse livro aconteceu muito antes de começar a leitura. Conhecer uma autora jovem da minha cidade (que não é a única para minha felicidade) e poder conversar sobre o livro, sobre os anseios e prazeres da autora é sempre uma experiência única e pude vivê-la mais uma vez.
"Algumas histórias sobre a falta" é um livro cujos textos se sustentam por si só, mas também se completam. Entre poemas e textos em prosa nos enveredamos numa narrativa em que o íntimo de um personagem é colocado para fora de maneira crua e sincera, tanto que por vezes se confunde com o eu de cada leitor. A experiência é humana, os anseios e medos ditos nas palavras de cada texto é algo que qualquer ser humano já enfrentou ou está vivendo agora - e talvez viverá. Por isso, não é difícil se identificar, não é difícil identificar alguém próximo nas palavras de Luiza e se aprofundar nas complexidades do ser humano que se revela em cada página.
Apoiando-se na figura do vaso, o vazio do eu retratado no texto é colocado à prova durante a narrativa, que como disse ora virá em forma de poesia ora virá como prosa. Timidamente o personagem vai se abrindo, vai se mostrando e vai trabalhando suas inseguranças e mágoas. O personagem revela de si os medos também e insatisfações sobre uma relação amorosa talvez. A metalinguagem também é perceptível na história. Em alguns momentos o "eu" comenta sua experiência com a escrita.
"Passa o dia inteiro com o texto na cabeça, com medo de passar pro papel. Já disse várias vezes que, uma vez que as palavras saem, tornam-se reais.
Tem medo de que tudo se torne real."
Na segunda parte da história, intitulada de "as flores", estamos diante de um personagem aprendendo a caminhar sozinho, a se reerguer das quedas e a olhar para si e para seus atos com mais carinho. O vaso, então, está enchendo, sendo preenchido com flores até florescer e estar completo. E o ambiente no final de tudo é lindo, cheio de cor.
"mas ninguém explica
e eu só me pergunto
como é
esse negócio
de aprender a ser
sozinha"
Não foi difícil me identificar com o livro em questão. Me identifiquei com o primeiro texto logo de cara, senti profundo como aquilo me tocava porque de certa forma dialogava com minhas angústias e inseguranças também. Ler esse livro foi também como traçar um caminho até chegar a mim e a compreensão dos incômodos que me perseguem. Então, percebi que lendo também me revelei e comecei a me despir dos medos de mostrar cada vez mais quem eu sou. Não dá para ignorar leituras assim, ainda que os admiradores da "alta" literatura insistam em querer congelar as letras e grandes histórias, alegando que a literatura não mais existe hoje.
"Algumas histórias sobre a falta" é catártico. A forma como ele conversa com o leitor, como conduz o leitor a voltar-se para si faz dessa leitura agradável e rica, cheia de pontos a serem analisados e refletidos. Vale muito a pena e eu gostaria que você lesse. É um livro pequeno, porém forte e agradável de ser lido.
Se quiser saber mais sobre o livro entre em contato com a autora pelo e-mail marialuizamaia@live.com ou através do instagram da autora: @mrluizamaia
Um beijo, até mais!♥️