11 de janeiro de 2019

Algumas Histórias Sobre a Falta, de Maria Luiza Maia


Olá! ♥️
Como vai?

Grandes surpresas nos são reveladas ao longo de nossas vidas, no nosso dia-a-dia, no âmbito profissional e pessoal. Isso também acontece na nossa vida de leitor. Em meio a tantas discussões sobre o que é literatura ou não e a desvalorização dos trabalhos de quem está chegando agora descobrimos talentos e textos que dialogam muito bem com a gente e de certa forma nos conforta porque faz com que não sintamos sozinhos. Uma dessas surpresas com a qual me identifiquei muito é "Algumas histórias sobre a falta", de Maria Luiza Maia.


Uma das maravilhas em relação a esse livro aconteceu muito antes de começar a leitura. Conhecer uma autora jovem da minha cidade (que não é a única para minha felicidade) e poder conversar sobre o livro, sobre os anseios e prazeres da autora é sempre uma experiência única e pude vivê-la mais uma vez. 

"Algumas histórias sobre a falta" é um livro cujos textos se sustentam por si só, mas também se completam. Entre poemas e textos em prosa nos enveredamos numa narrativa em que o íntimo de um personagem é colocado para fora de maneira crua e sincera, tanto que por vezes se confunde com o eu de cada leitor. A experiência é humana, os anseios e medos ditos nas palavras de cada texto é algo que qualquer ser humano já enfrentou ou está vivendo agora - e talvez viverá. Por isso, não é difícil se identificar, não é difícil identificar alguém próximo nas palavras de Luiza e se aprofundar nas complexidades do ser humano que se revela em cada página.

Apoiando-se na figura do vaso, o vazio do eu retratado no texto é colocado à prova durante a narrativa, que como disse ora virá em forma de poesia ora virá como prosa. Timidamente o personagem vai se abrindo, vai se mostrando e vai trabalhando suas inseguranças e mágoas. O personagem revela de si os medos também e insatisfações sobre uma relação amorosa talvez. A metalinguagem também é perceptível na história. Em alguns momentos o "eu" comenta sua experiência com a escrita.
"Passa o dia inteiro com o texto na cabeça, com medo de passar pro papel. Já disse várias vezes que, uma vez que as palavras saem, tornam-se reais.
Tem medo de que tudo se torne real."
Na segunda parte da história, intitulada de "as flores", estamos diante de um personagem aprendendo a caminhar sozinho, a se reerguer das quedas e a olhar para si e para seus atos com mais carinho. O vaso, então, está enchendo, sendo preenchido com flores até florescer e estar completo. E o ambiente no final de tudo é lindo, cheio de cor.
"mas ninguém explica
e eu só me pergunto
como é
esse negócio
de aprender a ser
sozinha"
Não foi difícil me identificar com o livro em questão. Me identifiquei com o primeiro texto logo de cara, senti profundo como aquilo me tocava porque de certa forma dialogava com minhas angústias e inseguranças também. Ler esse livro foi também como traçar um caminho até chegar a mim e a compreensão dos incômodos que me perseguem. Então, percebi que lendo também me revelei e comecei a me despir dos medos de mostrar cada vez mais quem eu sou. Não dá para ignorar leituras assim, ainda que os admiradores da "alta" literatura insistam em querer congelar as letras e grandes histórias, alegando que a literatura não mais existe hoje. 

"Algumas histórias sobre a falta" é catártico. A forma como ele conversa com o leitor, como conduz o leitor a voltar-se para si faz dessa leitura agradável e rica, cheia de pontos a serem analisados e refletidos. Vale muito a pena e eu gostaria que você lesse. É um livro pequeno, porém forte e agradável de ser lido. 
Se quiser saber mais sobre o livro entre em contato com a autora pelo e-mail marialuizamaia@live.com ou através do instagram da autora: @mrluizamaia

Um beijo, até mais!♥️

7 de janeiro de 2019

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS, DE GEORGE ORWELL, ADAPTADO E ILUSTRADO POR ODYR


Olá! ♥️
Hoje é dia de contar minha experiência com "A revolução dos bichos", de George Orwell.

Conheci o autor através de uma professora da faculdade no início da graduação. Não havia nem sequer ouvido falar nele, mas indicações não faltaram. Curiosidade também não. E ainda assim não li o livro completo. No entanto, o "Quadrinhos da Cia" nos deu um presente ao lançar esse livro ilustrado pelo artista gaúcho Odyr num período político conturbado e pela leitura rápida que me proporcionaria naquele momento decidi ler. E que livro incrível!


A fábula contida em A revolução dos bichos traz à tona toda uma questão política que dialoga muito bem com a realidade, principalmente da Revolução Russa. Publicado pela primeira vez em 1984, na Inglaterra, Animal Farm (título original) marcou história e é referência para os leitores até hoje. Na história um grupo de animais criam uma revolução para tirar a fazenda onde vivem do poder dos humanos e traçam estratégias eficazes a fim de instaurar um regime totalitário na fazenda. No entanto, uma dupla de porcos ameaça toda a organização e grandes problemas acontecem a partir dese momento.

A Revolução dos Bichos faz uma ácida crítica ao momento político daquela época e reafirma na história o quanto a revolução foi baseada em interesses mais do que em ideais e em vários momentos da narrativa é perceptível o quanto os porcos criam estratégias de organização de um modo que possa beneficiá-los. Isso não é tão diferente do que acontece no cenário político atual do nosso país. Não vou entrar em maiores detalhes sobre a política, mas é impossível não reconhecer o quanto a história em si se parece com o que vivemos hoje no Brasil.

Na orelha do livro tem um pequeno texto que resume muito bem a ideia que tive ao fazer a leitura. O comentário de Christopher Hitchens (jornalista, escritor e crítico literário britânico e americano) comenta que o livro (Animal Farm) nos diz que aqueles que renunciam à liberdade em troca de promessas de segurança acabarão sem uma nem outra.. E no final da leitura, o cenário da fazenda deixa isso muito claro. Outra crítica é sobre a alienação das pessoas que talvez por conforto ou por questões de interesses também acabam vendando os olhos para a realidade que os cerca.
"Porém os brutos, estúpidos, ignorantes demais para entender o que acontecia, limitaram-se a murchar as orelhas e apertar o passo. Logo o carroção atravessava a porteira e desapareceria na estrada. A explicação dada era muito simples. A carroça pertencera, antes, ao matadouro, depois fora comprada pelo cirurgião veterinário, que ainda não apagara o letreiro. Sansão nunca mais foi visto."
A riqueza da história é incontestável e a prova disso é o sucesso que o livro faz até hoje com ótima vendagem. A companhia das letras já publicou outros livros do autor, como 1984, O que é fascismo, entre outros, mas o grande diferencial dessa edição de "A revolução dos Bichos" publicada em outubro são as ilustrações de Odyr. O artista nascido em Pelotas e autor de dois livros como desenhista enriqueceu ainda mais a fábula de Orwell trazendo imagens com pinturas cheias de detalhes e cores que expressam muito bem o ambiente revolucionário. O livro que teve tradução de Heitor Aquino Ferreira será lançado fora do país também, em países como Inglaterra, Espanha, Estados Unidos e Itália.

A revolução dos bichos que traz à tona as consequências de um regime totalitário, que dita e age a favor dos próprios interesses, como diria "O Estadão", para quem ainda não entendeu, agora está desenhado.
Se quiser saber mais sobre o livro indico o texto maravilhoso do site da Revista Galileu, 5 Lições que 'A Revolução dos Bichos' nos ensinou , de onde tirei algumas referências para a escrita dessa postagem.
Bjux,
até a próxima! ♥️
© Vida e Letras | Todos os direitos reservados.
Desenvolvimento por: Colorindo Design
Tecnologia do Blogger