Se me perguntam qual o meu escritor e poeta preferido, eu não penso duas vezes em responder: - Fernando Pessoa. Um dos mais importantes escritores Portugueses da literatura, autor de poemas maravilhosos, melancólicos e complexos. Criador de heterônimos diversos, Pessoa encantou a sociedade de Portugal e encanta até hoje, não somente a Europa, mas a todo o mundo com suas ricas obras.
Ao falar no poeta estamos, convencionalmente, fadados a lembrar suas poesias e seus companheiros Alberto Caeiro, Álvares de Campos, Ricardo Reis (esses são os mais conhecidos heterônimos deixados pelo escritor) e classificá-lo apenas como poeta. De fato! Fernando Pessoa sempre deixou bem claro o amor pela poesia, tanto que o seu primeiro livro, intitulado “mensagem” trazia em si um conteúdo histórico (conta a história de Portugal), em forma de poesias. No entanto, vou falar um pouco mais sobre o seu “drama estático”.
O marinheiro é um dos projetos encontrados no “espólio” do artista depois de sua morte. Sendo uma das obras mais importantes, foi publicada pela primeira vez em Março de 1915, na revista Orpheu, e carrega uma grande influência dramática de Shakespeare. A peça faz parte do projeto denominado “Theatro Estático” que é composto pelo “marinheiro” e por outras peças teatrais.
A obra dramática conta com cinco personagens: uma donzela morta no caixão, três irmãs veladoras e um marinheiro que se revela uma “possível” criação de uma delas. Em meio a diálogos as três irmãs contam histórias do passado, falam de sonhos e tristezas, o que revela no texto uma “relação entre linguagem e morte”, pois, como explica SOUZA, p.19:
é devido à morte de uma donzela e na presença do seu corpo, num castelo com vista para o mar, que as veladoras dialogam para fazer o tempo passar.
Outra suposição, possível de ser citada, é a da dúvida sobre sonho e realidade na vida. O que é o sonho, o que é a realidade dentro da nossa existência?
A obra foi traduzida para o francês e havia a intensão de ser traduzida, também para o inglês, por Fernando Pessoa. Começou a ser escrita em 1913 e seguiu até os anos 30. Durante esse tempo foram encontradas várias correções, cartas que Pessoa escrevia a colegas pedindo opiniões sobre o texto e dando a eles o poder de editá-los, caso achasse propício. São informações sutis, mas que apresentam o por quê do grande valor depositado ao drama.
“[...] A obra pessoana é um universo, um vasto universo em que cada estrela faz parte de uma constelação e muitas vezes de várias.” (SOUZA, F. Claudia)
Ler “O Marinheiro” não é apenas uma viagem gostosa, mas também um aprendizado muito grande que carregamos conosco. Esse é um dos melhores livros que li esse ano e me emocionei. Embora seja em forma de prosa, a poesia está presente o tempo inteiro nos diálogos. Vale muito a pena conhecer esse incrível trabalho tão rico que o poeta deixou como um presente.
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Referência:
SOUZA, F. Claudia . Fernando Pessoa O Marinheiro. Lisboa: Ática, 2010