Olá!
Como vai?
Para continuar com a atualização das resenhas que faltam, dos livros que li ano passado, trago um texto sobre "Floresta Escura", livro da autora Nicole Krauss, lançado pela Companhia das Letras. Assim como aconteceu com a leitura anterior esse livro foi lido pelo método da tentativa - precisei começar e recomeçar até chegar ao fim.
Quando Floresta Escura me foi apresentado o que me chamou atenção foi o nome da autora. Eu sabia que em algum momento ou algum lugar eu já havia escutado alguém falar sobre ela e por isso, mesmo sem lembrar de onde ouvi falar de Nicole Krauss, decidi que iria ler o livro. Acontece que nem mesmo o aclamado nome da autora já publicada em 35 países me fez gostar da leitura.
O livro traduzido por Sara Grunhagem nos envolve numa narrativa em que os detalhes são super valorizados e os diálogos escassos. Temos aqui dois personagens tentando encontrar sentido para os feitos de suas vidas e que se identificam em capítulos alternados. Jules Epstein é um advogado de 68 anos que decidiu se afastar dos amigos e familiares e agora está escondido. Ele simplesmente desapareceu em Tel Aviv e antes disso fez doação de tudo o que tinha de mais precioso, coisas que foram conquistadas em anos de carreira.
No capítulo seguinte temos a voz de Nicole contando sobre sua própria caminhada como escritora. Passamos então de uma narrativa em terceira pessoa para uma narrativa em primeira. A mulher está presa em um casamento que não está feliz e se vê sem criatividade para escrever. Enquanto tenta a todo o custo escrever uma nova história e pensa seriamente em terminar seu casamento ela se vê tentada a visitar o Hottel Hilton de Tel Aviv onde viveu boa parte de sua infância. Agora ela tem a desculpa de fazer uma pesquisa e escrever uma história sobre aquele lugar. Mas ainda não sabe como fazer isso. Quando encontra o tio no hotel e ele a apresenta a um professor aposentado que quer que ela faça parte de um projeto até então misterioso, a vida da escritora começa a mudar.
Seja pelas angústias que sentem ou pela falta do encontro com quem estão sendo nesse momento da vida, Nicole e Epstein vivem situações de vida semelhantes. Eles vão se encontrar em algum momento - embora isso não fique claro na história - porque neste momento estão se sentindo perdidos, mas ambos têm como destino desejado o Hottel Hilton, o que permite que o leitor suponha que ambos estão caminhando juntos nessa jornada.
Outra história será contada quando um dos personagens citarem Franz Kafka. Claro que a história da vida do famoso autor de "A Metamorfose" não é a história real, mas segundo a narrativa ele não morreu de tuberculose, mas ficou recluso por muito tempo em Israel desconectado de tudo e de todos, assim como acontece com Epstein e Nicole. O propósito é encontrar sentido na frustração que sentem em relação vida ou simplesmente vencer seus demônios?
Deixando transparecer na narrativa a ideia de que a literatura é importante para preservar a história de uma vida ou de um povo - o que eu concordo completamente -, Nicole Krauss nos leva numa caminhada cansativa pela vida de dois personagens complexos e faz a analogia da importância da transformação pela qual o ser humano deve se permitir passar com a "metamorfose" de Kafka. Em que momento da nossa vida devemos nos permitir mudar e buscar novidades na nossa vida?
"Floresta Negra" não foi uma leitura que me marcou ou que me deixou empolgado. Foi também uma leitura lenta que me cobrei fazer somente porque me propus a começar. Para mim não funcionou mesmo com a presença de frases impactantes e que faz o leitor repensar a vida - que é uma coisa que prezo num texto. Talvez seja o estilo, a narrativa que não dialoga com minha personalidade como leitor ou simplesmente o meu momento de leitura. Seja como for, não é um livro que irá agradar a qualquer um, mas cabe a todo leitor decidir se deseja se aventurar ou não.
Um beijo,
até a próxima!