Olá, pessoas queridas! ♡
Recebam meu bom dia emanando amor para vocês nessa última postagem do ano aqui no Vida & Letras. Foi um ano intenso, viu. Ufa! A faculdade foi uma loucura, fiz dois semestre num semestre só, ainda precisei lidar com as leituras. Mas tudo isso valeu porque tirei ótimas notas (me surpreendi) e também aprendi muito com os livros que li. Sem contar que exercitei minha percepção crítica a cada leitura e resenha, o que é ótimo para meu desempenho na faculdade. Afinal, é para ser crítico literário que estou estudando. Então vamos lá que tenho muito a aprender ainda.
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Você acredita em destino? É do tipo de pessoa que acredita que o que tem que ser será, o que tem que acontecer, acontece no momento certo e na hora certa? Se sim, Três vezes nós é um livro que pode elevar ainda mais sua crença, a partir de uma doce narrativa dividida em três versões de um mesmo relacionamento. O casal romântico da história é Eva e Jim e o grande diferencial desse enredo são as possibilidades do grande encontro e as realidades diferentes da vida dos dois, desde os anos 50 até os dias atuais.
"No futuro, Eva pensará: Se não fosse por aquele prego enferrujado, Jim e eu nunca teríamos nos conhecido."
Provavelmente você já ouviu alguém dizer em alguns momentos de sua existência que "nada é por acaso", mas acreditar nisso ou não é de cada um. Eu acredito no acaso e é por isso que a premissa da história me conquistou rapidamente. Existe um momento, um cantinho, um lugar; e existe uma hora, um acontecimento uma mudança de ideia. Um segundo na vida é capaz de mudar muita coisa, assim como uma decisão sobre por qual caminho seguir também. E é sobre essa manifestação do acaso na vida dos personagens que Laura Banett escreve. Três vezes nós é o retrato do que foi, mas que por frações segundos e por alguma decisão contrário poderia não ter sido também.
Três Vezes Nós nos apresenta a Eva Edelstein e Jim Taylor. Entre eles está David Katz, um estudante de teatro com quem Eva tem um relacionamento incerto. Certo dia, enquanto caminhava pelo campus da faculdade a garota conhece Jim, um estudante de direito totalmente insatisfeito com o resultado que está tendo no curso e é a partir daí que acompanhamos a história de amor a partir de três versões: na primeira Eva sofre um acidente de bicicleta enquanto segue para entregar um trabalho na faculdade. Jim poderia não ajudá-la, mas ele prefere fazer diferente quando a vê. Na versão seguinte Eva tem um contratempo com sua bicicleta enquanto segue para a aula e Jim para para ajudá-la, eles conversam e sem seguida cada um segue seu rumo. Nesse período Eva se casa com David, mas vive um casamento conturbado com ele e volta a encontrar Jim. E na última versão da história, vemos os acontecimentos sob o olhar de Jim, que acabou de sair da aula e viu Eva em apuros, mas decidiu ajudá-la. Depois de uma conversa o rapaz a convida para tomar uma bebida, ela termina com o atual namorado, e logo começa uma relação com ele. Pouco tempo depois eles terminam e cada um segue seu rumo. Todas as versões acontecem em Cambridge, no mês de Outubro de 1958. E antes das três versões a gente acompanha o nascimento de ambos os personagens, cada um em seu devido espaço no tempo, quando nem imaginavam que iam se conhecer.
As diferenças de uma versão para a outra podem até parecer tímidas, mas a verdade é que elas estão na narrativa e de alguma forma atrapalham e incomodam. Barnett nos apresenta a uma história cativante e poética, um enredo cheio de idas e vindas, além de um cenário extremamente encantador e personagens com características que fariam deles marcantes, caso a história não fosse uma verdadeira confusão no que tange à forma como foi contada. Os cortes durante os capítulod e as sutis diferenças de uma versão para a outra são competentes o suficiente para atrapalhar a leitura e deixar a mente do leitor confusa. É preciso muita atenção e muita disposição para visitar uma versão de cada e seguir costurando os acontecimentos.
Leitura é algo muito pessoal, sendo assim se você me perguntar se esse livro é ruim, claramente direi que não, mas com uma ressalva: a maneira como a história é contada pode não envolver a todos da mesma forma. A minha experiência foi de ter uma história bonita em mãos, com discurso poético e dramático - o que eu adoro -, mas um tanto cansativa e confusa. Talvez selecionar toda uma versão e ler completa, uma de cada, sem intercalar, seja uma ótima opção para ficar mais conectada com a história de Jim e Eva, que apresenta não só uma história de amor e descobertas, como também o sentimento de medo e incertezas perante as surpresas da vida.
É assim que as coisas tem sido nas quatro semanas desde que um entrou na vida do outro com a tranquilidade comum dos velhos amigos que retomam uma conversa familiar. Felicidade escorada no medo: o medo de perdê-la. O medo de não ser bom o suficiente. (Pág.: 29)
Todos os caminhos levam a uma mesma direção de um encontro inesperado, até mesmo de um desfecho inesperado, e a grande sacada da autora possivelmente está na tentativa de fazer o leitor refletir sobre suas decisões e as consequências delas. Por que as coisas acontecem? Há alguma explicação para isso? E por que elas acabaram? Talvez porque estamos modificando nosso pensamentos constantemente de maneira natural e algo que já fez sentido hoje talvez já não faça mais tanto sentido lá na frente.
Sem dúvida Três vezes nós é uma história instigante, mas também desafiadora. Apresenta uma proposta de leitura diferente, mesmo que pareça cair num buraco repleto de clichês, com desfechos e possibilidades únicas, que provocam no leitor reflexões acerca do amor, da amizade, do que é família e das consequências de uma traição. É um livro sobre como um minuto, uma escolha ou um passo em falso pode mudar nossas vidas para sempre.
Esse livro marca a estréia da autora Laura Barnett como escritora e foi publicado originalmente em 2015, com o título original The versions of us. A edição brasileira foi lançada pela Editora Novo Conceito, em 2016, e o trabalho de capa dialoga perfeitamente com a história, assim como a escolha do título para a versão nacional. Gostei muito!
XOXO,
Diih ♡