Depois de muito tempo querendo e só esperando a oportunidade para conhecer Bridget Jones, enfim consegui. O livro que foi publicado nos anos 90 apresenta o diário de uma das personagens mais queridas pelos leitores, uma mulher que sofre com os ditos "moldes" impostos pela sociedade, em situações que ainda podem ser vistas atualmente.
Bridget Jones é uma personagem querida por milhares de leitores em todo o mundo e agora tem seu diário republicado pela Editora Paralela, numa edição linda de capa e diagramação. Enquanto Bridget vive situações amorosos inesperadas e situações atrapalhadas, nós leitores acompanhamos tudo: nós estamos lendo neste momento o diário de Bridget. No diário ela conta sua paixão pelo seu chefe, o charmoso Daniel, por quem ela suspira durante seu dia-a-dia no trabalho. Conta também os problemas familiares pelos quais passa, as desavenças principalmente com a mãe, que está o tempo inteiro tentando arrumar um marido rico para ela. Nessa tentativa de arrumar um namorado para a filha, a mulher apresenta o advogado Mark Darcy, um homem sério, com uma boa qualidade de vida, que tem um pé atrás com Daniel por um acontecimento do passado. Nesse "diário" também vamos acompanhar a luta de Bridget para perder peso e estar de acordo com os moldes de corpo perfeito, bem como a luta para parar de fumar e beber e controlar a ansiedade. Na companhia dos amigos (o clichê da amiga romântica e sonhadora, o melhor amigo gay e aquela amiga totalmente pé no chão) Bridget encontra conforto para superar e amenizar suas crises de baixa auto-estima e de idade, até que um romance inesperado aconteça. É um ano acompanhando a vida de Bridget Jones, até chegar à grande realização da mulher no ano seguinte.
Sou fruto da cultura Cosmopolitan, fui traumatizada por supermodelos e todo tipo de testes e sei que nem minha personalidade nem meu corpo darão conta do recado se não forem bem trabalhados. (Pág.: 61)
O Diário de Bridget Jones é um livro que aborda com bom humor a história de uma mulher que tem a auto-estima abalada, vivendo uma crise dos 30 e poucos anos, devido às imposições sociais que ditam o peso ideal, a maneira ideal de se comportar, a idade certa para casar, e que mostra a dolorosa realidade do preconceito das pessoas em relação a uma mulher que ainda não casou ou teve sequer um relacionamento duradouro aos trinta anos. Por essas e outras que a narrativa de Helen Fielding é tão necessária e dialoga perfeitamente com nossa atualidade.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção na narrativa é a facilidade de sentir empatia pela personagem, que conquista você, mas também consegue despertar um sentimento de irritação, de ira. Digo que isso pode ser legal porque ao mesmo tempo que o leitor gosta da personagem e torce para que tudo dê certo para ela, quanto mais ela parece fraca, boba e irritante - porque ela é!- em alguns momentos, ele também pode se sentir apático e incomodado, e perceber que ele deseja para si totalmente o contrário disso. É como se fosse um arranhão para o despertar da consciência no leitor.
Bridget é a mulher de ontem, em contraste com a mulher de hoje, vivendo numa sociedade em que pouca coisa mudou se pararmos para perceber que o modelo ideal de mulher ainda é ditado pela sociedade. Bridget entende que precisa ser magra para os homens olharem para ela; a todo o momento a mãe da personagem aponta o modo chulo de falar, da filha ("Querida, não diga 'que', diga 'desculpe, o que disse?"), que também é criticada pelo modo de se vestir. A diferença da Bridget para boa parte das mulheres de hoje é que elas já se levantaram e lutam pela igualdade. E por falar em lutar pela igualdade o livro traz a personagem Sharon, que é uma das melhores amigas de Jones, é uma mulher totalmente desencanada das imposições e não se abala com as críticas e o olhar das pessoas sobre sua vida. Ela tem respostas para tudo e acredita que mulher para ser mulher não precisa necessariamente ser casada.
O livro teve sua publicação oficial em 1996 e na adaptação para o cinema trouxe a atriz Renée Zellweger como personagem principal. O longa tem uma trilha sonora maravilhosa, destacando All By Myself, música primeiramente cantada por Celine Dion, dessa vez interpretada pela cantora country Jamie O'Neil. A atriz que interpretou Bridget fez tão bem seu papel, que foi indicada ao Globo de Outro, em 2002, como melhor atriz - o filme também foi indicado na categoria de melhor filme comédia/ musical. No entanto, apesar do sucesso, ainda prefiro o brilho e os detalhes presentes no livro, que apesar de ter me deixado na corda bamba - entre o amor e o ódio - se fez uma leitura extremamente agradável.
O Diário de Bridget Jones é um livro totalmente atemporal, que mostra uma mulher totalmente refém da pressão social e da cultura machista que está presente em cada canto do mundo. E a autora usa essa mulher totalmente submissa a todas as expectativas sociais para mostrar o quão diferente você deve ser e o quanto você deve lutar para se sentir bem do jeito que é. Uma leitura divertida e ao mesmo tempo realista e atual.
XOXO,
Diih