♥ Olá, pípol!
Aproveitando que a Rede Globo está exibindo a minissérie "Dois Irmãos" decidi trazer para vocês minhas impressões sobre a história, a partir da leitura do HQ de Fábio Moon e Gabriel Bá, vencedores do Prêmio Eisner pela graphic Novel "Daytripper", que estreou em primeiro lugar na lista dos mais vendidos a Amazon e do New York Times, em 2011.
A história em quadrinhos dos irmãos (gêmeos) paulistas é uma adaptação da história dramática do manauara Milton Hatoum, um dos autores nacionais mais consagrados da literatura contemporânea - o livro original vou vencedor do prêmio Jabuti, no ano 2000.
Dois irmãos apresenta a história dramática de uma família de libaneses, que se firmaram no estado de Manaus no início do séculos XX e tem como tema central a relação de extremo conflito entre os irmãos gêmeos Yaqub e Omar. A história é contada por Nael, um garoto criado pela família, filho de Domingas, empregada da casa, narrador que relata o que presenciou durante a infância e que por isso tenta escrever sua própria história a partir dessas relatos. Logo nas primeiras páginas da HQ nos deparamos com quadrinhos que nos mostra Zana, a mãe dos gêmeos, fazendo um passeio pela antiga casa onde morou por tantos anos. A nostalgia, melancolia e solidão estão perfeitamente expressas nas imagens iniciais, que se abstém do texto e nos convida a fazer uma leitura imagética. Em seguida, a história segue seu rumo e nos é apresentada pelas lembranças dos personagens, principalmente dos irmãos ainda crianças, quando desde já apresentam personalidades completamente diferentes e a prematura rivalidade entre eles.
Os meninos disputam uma mesma garota, a atenção e o olhar da mãe e do pai, o trabalhador Halim - esse que tem afeição maior pelo filho mais velho, Yaqub. Um é ligado aos estudos, enquanto o outro é da vida de baderna, bebedeira e pratica atos de vandalismo. À medida que os meninos vão crescendo e grandes confusões acontecem entre eles, os pais decidem mandar Yakub para viver numa vila no Líbano e quem fica é Omar, o suposto e aparentemente "queridinho" da mãe, que vai viver sob o teto dessa mulher controladora e ciumenta. Quando volta para o Brasil cinco anos depois a relação conflituosa entre os irmãos é evidente e então o leitor vai presenciar os caminhos distintos pelos quais os gêmeos seguirão na vida: um é bem sucedido, embora sempre calado, introspectivo e inteligente; o outro mimado e totalmente boêmio, violento, talvez não seja um homem forte. É o momento em que a família também se divide.
A parte histórica da obra de Hatoum está muito bem colocada na HQ, que conta com um "resumo" que não deixa a desejar em nada. As imagens com seus traços muito bem marcados e cheios de pequenos e importantes detalhes dialogam perfeitamente com o leitor já envolvido com o enredo, esse que também nos conta um pouco sobre o processo de crescimento da cidade de Manaus entre os séculos XIX e XX. Os quadrinhos também trazem a parte da história em que é apresentada a questão da imigração dos libaneses para o Brasil e faz um desenho lindo do momento em que a "Cidade Flutuante" é demolida.
Os traços dos irmãos Fábio e Gabriel são excepcionais e conseguem traduzir perfeitamente os sentimentos, expressões faciais e estado de espírito dos personagens, que são extremamente complexos, inclusive. Além disso, a escolha pelo P&B nas imagens foi certeira no sentido de que isso conduz o leitor ao passado e representa muito bem as aflições dos intérpretes.
Se você não teve a chance de ver a minissérie da Rede Globo desde o primeiro episódio e está se sentindo perdido com a história, sugiro que leia a HQ - volto a dizer, não deixa a desejar e apresenta tudo o que você realmente precisa saber. Mas leiam também o livro completo porque vale muito a pena.
|Os gêmeos eram dois opostos, habitando o mesmo corpo e dormindo sob o mesmo teto.|
XOXO,☆