16 de dezembro de 2016

9 de Novembro, Colleen Hoover



Olá! ♡
|Um carinho e um desejo de feliz início de final de semana para você. 

Vamos conversar sobre o livro NOVEMBRO 9, da autora Colleen Hoover? 

Colleen Hoover ou simplesmente CoHo, é uma das autoras mais consagradas da atualidade. Autora dos livros Métrica, O Lado Feio do Amor, Talvez um dia, entre outros, a autora lançou há pouco tempo It Ends With Us, enquanto aqui no Brasil a Galera Record Lançou a poucos meses o tão esperado NOVEMBRO 9. 

Não dá para negar que a CoHo está na lista dos autores de maior sucesso no mundo, mas assim como qualquer outro autor na condição de ser humano não escapa dos escorregões e exageros na hora de construir uma história. E foi exatamente o que aconteceu com esse livro ao meu ver. Quando li Talvez um Dia e me apaixonei pela leveza do romance e pelos personagens tão "familiares" fiquei empolgado para ler o próximo lançamento, que foi divulgado no Mochilão, e agora depois de ter lido representou na verdade uma decepção para mim.

|Cada um tem a sua visão e o meu papel é expôr a minha, portanto não se prive de ler o livro caso o que você ler aqui não é o que esperava.|

Talvez você lembre logo de cara do livro UM DIA, do David Nicholls, quando souber que NOVEMBRO 9 é uma história que se passa de ano em ano na mesma data (os próprios personagens citam o livro na história), mas a única semelhança que você irá encontrar com a narrativa de Nicholls é essa, porque ao contrário dela o livro da CoHo nos prende e nos limita aos personagens e o que eles vivem todos os anos, poucas vezes expandindo expandindo para o leitor o ambiente onde a história se passa.

Tudo está concentrado no dia 9, em Fallon e Ben. Ambos se conhecem de forma inusitada e em pouco tempo desenvolve um sentimento de querer bem, de não querer se afastar e começam a se envolver. Porém, Fallon, atriz que por motivos trágicos já não exerce sua profissão como antes, está a um dia de se mudar para Nova York, mas quando a química instantânea entre ela e Ben torna-se inegável, a garota, que é filha de um ator famoso com quem não tem um bom relacionamento, começa a se sentir tentada a ficar. Servindo de inspiração para o romance do jovem escritor, Fallon decide viajar e aceita encontrar com o garoto a cada um ano no dia 9 de novembro. A partir do primeiro encontro o enredo de Ben é construído, enredo esse que de alguma forma contribuirá para os altos e baixos do relacionamento que agora está ameaçado por um segredo que pode mudar tudo para os dois.

É inegável a brilhante escrita da autora, que narra a história com uma leveza capaz de prender o leitor até que ele não sinta mais vontade de largar o livro - isso aconteceu comigo em Maybe Someday e Nunca Jamais" -, no entanto, isso nem sempre é garantia de uma história maravilhosa e cativante. Aos meus olhos, esse adjetivos não funcionam para esse livro. Primeiro porque a autora colocou drama em excesso, tornando a história extremamente irreal, o que me leva a apontar o quanto o livro está repleta de cenas forçadas, capaz de causar o sentimento contrário ao que provavelmente a autora gostaria de causar no leitor: a emoção. 

O livro tem muita tensão, característica das histórias dramáticas, mas não traz surpresa alguma, apresentando uma construção narrativa do tipo que o leitor já sabe o que virá no começo, no meio e no fim. Além disso, a rapidez dos acontecimentos, o amor instantâneo entre os personagens, a limitação dos espaços de cena (são poucas as vezes que o leitor pode se distanciar um pouco de Fallon e Ben para conhecer o que existe ao redor deles) fez história artificial demais e nada atrativa. Estamos focados em dois personagens egoístas e que não apresentou crescimento algum durante a narrativa. E por falar em crescimento, as mudanças de capítulos, que tenta levar o leitor a cada um ano mais parece uma continuação porque como já disse os personagens não evoluem e parecem ter a mesma idade do ano anterior e a história parece continuar de onde parou: parece que o sofrimento dos dois estacionaram no tempo, o problema mal resolvido do último encontro também dá a impressão de que ficou parado no tempo esperando para então ganhar continuidade um ano depois. Nesse momento me perguntei o motivo dessa quebra do tempo. Ela simplesmente não funcionou!


Fallon inicia a história com um sentimento tão pesado em relação ao pai, que a beleza dela desaparece (mesmo quando a autora tenta nos mostrar a beleza interior de uma pessoa) porque nesse momento ela é mais uma personagem insolente, vulnerável e sem cor, do que uma garota cativante. Já Ben representa aquele velho personagem ousado que chegou para mudar e levar luz para a vida da mocinha (ele ainda consegue ser mais carismático). E nesse conto de fadas moderno eu encontro uma mocinha totalmente submissa (será que isso é justificado pelo problema que ele teve?), totalmente dependente, e mesmo tendo a presença do pai e da mãe e de uma amiga que mal aparece na história - uma amizade que não me convenceu - a única pessoa que lhe trouxe uma vida melhor foi Ben. O Macho ALFA, segundo as ironias de Fallon. Por falar nisso, em dado momento presenciamos uma crítica a esses esterótipo dos personagens machistas e supervalorizados das histórias, mas ao mesmo tempo a autora escorrega e coloca sobre os nossos olhos uma garota vulnerável, que acha que sua melhora e seus problemas são resolvidos porque há um homem ali para cuidar de tudo. Resumindo, há ali na história um macho alfa. 

"Estou tonta. Tão tonta, e é tão bom... Minha mãe é louca. Burra, maluca, disparatada, e ela está errada. Por que uma garota se preocuparia em se descobrir quando nunca será capaz de se sentir tão bem um cara pode fazê-la se sentir? Beleza, agora eu é que estou sendo burra. Mas Ben está me fazendo sentir muito bem. (Pág.:81)

E talvez você diga: "Mas ela mesma reconhece no final da frase o quanto está sendo burra". Certo. Quando você ler a história vai perceber que a dependência, a submissão e vulnerabilidade não acaba por aí nem nem mesmo uma evolução com a idade dos personagens. Eles são o que são com 18 ou 23 anos. E os diálogos nada tocantes, misturados às gírias que não tem a cara dos personagens, só acentua a narrativa forçada e nada original. 

"Bonita pra cacete foram as palavras dele.E embora pareça bom demais para ser verdade (...) estou me sentindo gananciosa o bastante para querer passar o resto do dia com ele." (Pág.: 50)

A mensagem sobre a beleza, sobre você tentar enxergar o outro como ele realmente é, além das aparências, é válida. Assim como um momento surpresa, que ouso dizer foi o único momento empolgante na história, que me despertou um ar de surpresa, mesmo depois disso a história seguindo por um caminho totalmente previsível como é desde o início. 

"- As pessoas não se sentem desconfortáveis quando olham para você por causa das cicatrizes, Fallon. Ficam desconfortáveis porque você faz com que as pessoas sintam que é errado olhar para você." (Pág.:59)

NOVEMBRO 9 é um livro com uma boa proposta de enredo, embora nada original. Poderia ser uma história espetacular se dosasse a carga extrema de drama que existe no enredo e não caísse tanto na mesmice de um clichê pesado, que poderia ser melhor desenvolvido. A maioria das pessoas podem aclamar o texto, mas infelizmente para mim é contraditório e exagerado.

XOXO,
Diih.

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