Coloquei a minha melhor roupa, escolhi o meu perfume preferido e dei o melhor e mais verdadeiro sorriso. Escrevi a mais doce das cartas de amor, vivi sonhos românticos e chorei assistindo a cena de um beijo. Então lavei o meu rosto, me olhei no espelho e senti os meus olhos brilharem, quando caminhei até a varanda do meu quarto e olhei para as luzes que clareiam lá fora - nada comparadas com as dos meus sonhos e aventuras em Paris- , dei um suspiro, respirei fundo e eu continuo a viver.
Desço as escadas e logo estou lá embaixo vendo pessoas buzinando em seus carros, xingando os piores palavrões e passando despercebidos diante de pedintes e desamparados. Ninguém percebe nem dá atenção, apenas seguem sua vida. Eu continuo andando de coração aberto, pedindo, implorando que exista alguém aqui fora que venha retirar de mim esse olhar vago e triste.
Mais a frente, enquanto caminho em passos curtos, vejo uma mulher passar por mim chorando; Olho para a sacada de uma casa enquanto um casal, aos gritos, grita o fim de sua relação; Olho para um banco na praça e percebo uma descoberta de traição e um coração amargurado; Tento olhar para mim e até consigo. Vejo minhas esperanças jogadas ao chão no banco de um passeio público, numa casa de família e nos olhos de uma mulher triste.
No desespero, agora em passos mais largos, me pergunto onde vou parar, se é preciso sentir o caos e o desespero de ver as almas gêmeas se desencontrarem, se um dia tudo irá mudar e, mais do que todas as indagações, eu estou me perguntando: “Quem irá salvar meu coração?”
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