23 de janeiro de 2017

'ÚLTIMO TURNO', STEPHEN KING - #3 TRILOGIA BILL HODGES



Olá!
Você está lendo um relato do mais novo e declarado fã de Stephen King, muito prazer.

Ano passado comecei a ler a trilogia Bill Hodges, do Stephen King, que estava na promessa de virar uma série nos Estados Unidos. Da série já não li mais notícias, mas do último livro eu só posso dizer que é agoniante, atormentador e muito dramático também. Terminei a leitura com um misto de saudade, alegria e tristeza.

Em Mr. Mercedes nos deparamos com a cena dramática e desesperadora de pessoas tentando sobreviver a um atropelamento provocado por um assassino dentro de um Mercedes roubada. Em Achados e perdidos histórias se cruzam e personagens vítimas do massacre se destacam. Mas quem fica mesmo em apuros é Peter Saubers, filho de um rapaz que ficou com sequelas depois do dia aterrorizante. O garoto vai precisar muito da ajuda de Hodges e seus amigos, Holly e Jeremy, para se livrar de um assassino (ele matou um autor famoso), que saiu da prisão e está sendo procurado. Pete encontrou alguns cadernos e segredos que pertenciam ao ladrão e assassino, mas agora que está livre decidiu ir buscá-los. 

Já no terceiro livro da trilogia, Último Turmo, acompanhamos Bill Hodges e seus amigos na batalha para descobrir novos atos de maldade e descobrir quem está por trás deles. O leitor embarca numa história agoniante, sobrenatural, com peixinhos coloridos, hipnose e suicídios. Mas também muita emoção e drama. O assassino do Mercedes está num estado deprimente no hospital há cinco anos e aparenta não dar nenhum sinal de que pode melhorar completamente. No entanto, o detetive aposentado desconfia que o rapaz possa estar fingindo. Será mesmo? Quando coisas estranhas começam a acontecer dentro e fora do hospital Hodges começa a desconfiar que apesar do olhar frio e da imobilidade do assassino cruel ele possa fazer maldades sem sequer sair da cama. Afinal, ele teve um prazer sem limites de jogar um Mercedes em cima de centenas de pessoas. Brady Hartsfield pode ser capaz de qualquer coisa.

Esse é o último livro da trilogia Bill Hodges publicada pela Suma de Letras aqui no Brasil e apresenta King num ato versátil de escrita. Conhecido como o mestre do terror, o autor de Cujo, Joyland, entre outros outros livro de sucesso, mostrou que pode também prender o leitor com um romance policial completo, que não deixa a desejar para o leitor apaixonado pelo gênero.

|Como sempre faço com livros de série não vou apresentar aqui maiores acontecimentos sobre a história porque quem ainda não leu as histórias anteriores podem encontrar algum spoiler, portanto vou falar mais sobre o que o autor aborda no livro e coisas que o leitor vai encontrar na leitura.|

O Assassino do Mercedes vai entrar em ação outra vez, não de corpo presente mas com poderes que desenvolve durante o tempo em que está na cama do hospital. Coisas estranhas começam a acontecer e o sobrenatural passa a fazer parte da história, que é feliz no enredo policial e investigativo. O uso da tecnologia, característica da narrativa do primeiro livro da série, também está presente nesse desfecho porque faz parte do estilo de vida de Brady Hartsfield, que sempre foi muito inteligente nessa área. Aliás, o assassino é um rapaz muito inteligente, que arquiteta muito bem seus planos, mas herói é herói e Bill Hodges junto aos seus amigos do Achados e Perdidos pode reafirmar isso.

Vou sempre citar a narrativa impecável e competente do autor, que não segue um tempo cronológico no desenvolvimento da história. Vamos seguindo, juntando peças, explorando espaços junto ao narrador, que nem sempre entrega tudo de cara, mas induz o leitor a sentir, viver os questionamentos que apresenta em diversos momentos. Os detalhes também ajudam, a linguagem pertinente e muitas vezes chula também aproximam mais o leitor do personagem e da história, uma forma de prendê-lo pelo "absurdo".

Brady pegou Scapelli, a vaca sádica que torceu seu mamilo. Agora, vai cuidar da putinha Robinson. A morte dela vai atingir o irmão, mas essa não é a melhor parte. Vai enfiar uma faca no coração do velho detetive. Essa é a melhor parte.

Thriller, terror, policial, não importa o tipo de história a maldade é bem feita, bem escrita e bem detalhada. E ÚLTIMO TURNO não foge à regra. Brady é extremamente maldoso e frio e vai arquitetar muito bem seus planos, mesmo que talvez ele não dê certo o tempo inteiro. Mas há um assunto que King abordou nesse livro que é muito delicado e recorrente nas sociedade, nos últimos anos principalmente entre os jovens: o suicídio. A maldade de Brady não está para matar as pessoas com as próprias mãos, mas sim para fazer o outro acabar com a própria vida, se apropriando do problemas que os afligem. Brady pode ler mentes e a partir daí fará diversas pessoas renderem-se à prática suicida porque o suicídio pode não ser indolor, mas é contagioso. 

Medos comuns com os quais adolescentes como Ellen convivem como uma espécie de desagradável ruído de fundo, podem ser transformados em monstros devastadores. Pequenos balões de paranoias podem ser inflados até estarem do tamanho dos balões da Macy's no desfile de Ação de Graças.

Último Turno é um livro que apesar de envolver assassinatos, o sobrenatural e apresentar mortes, nos fala também de amor e companheirismo, mas não amor romântico. Estou falando do amor amigo que conquista quem está lendo e isso se dá através da amizade entre Hodges, Holly e Jeremy, entre a relação que ele tem com os antigos colegas de trabalho; se dá também pela empatia que o narrador consegue despertar em você em relação aos personagens. Mas as sutis informações sobre a importância de darmos valor à vida e à importância de observar o outro, de perceber quando ele precisa de ajuda ganha destaque e elogio. 

E o pensamento que ocorre a ele é complicado demais, carregado demais com uma mistura de raiva e dor para que seja articulado. É sobre a forma como algumas pessoas jogam fora o que outras venderiam a alma para ter: um corpo saudável e sem dor. E por que? Porque estão cegos demais. traumatizados demais ou voltados demais para si mesmos para ver além da curva escura da terra até o próximo nascer do sol. É só continuar respirando. 

Embora tenha sentido que há muita repetição de informações nessa história e isso tenha me incomodado, essa observação não diminuiu minha empolgação e meu olhar positivo sobre o livro. Stephen King pode até ter deixado informações de sobra, mas não nos deixou faltar nada. O enredo está muito bem ligado ao outro e nos apresenta um desfecho talvez inesperado, dramático, triste e emocionante. 

É uma trilogia que vale a pena! Eu indico!

XOXO, ☆



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