Olá! ♥️
O livro em questão traz à tona o feminismo, a luta pela liberdade da mulher, para fazer valer sua voz. Esse não é meu lugar de fala, portanto corro o risco de cometer deslizes com opiniões equivocadas, afinal nasci homem numa sociedade machista. Mesmo assim tentarei escrever minhas opiniões da melhor maneira possível. E você, mulher, sinta-se à vontade para apontar qualquer incomodo que possa surgir no meu texto.
"A Pequena Sereia e O Reino Das Ilusões" é um livro que traz a questão da desvalorização da mulher na sociedade. Apresentada a partir do mundo das sereias, e com inspiração no conto original de Hans Christian Andersen, a narrativa de O'Neil constrói imagens reais sobre como as mulheres são vistas e tratadas na sociedade. Desvalorizam a voz, as opiniões, a competência da mulher, e valoriza a "fragilidade" sempre dita e a beleza, como se elas fossem troféus, belezas utilizadas para exibir o "poder" do homem.
O nome original da sereia Muirgen é Gaia, que foi dado pela sua mãe, mas que não foi bem aceito pelo Rei do Mar por se tratar de um nome que vem dos humanos. Gaia é uma sereia bem vista onde mora, com uma beleza sem igual e uma voz capaz de encantar qualquer um. É idolatrada pelo pai justamente por sua beleza - é a mais bela de todas as irmãs -, mas não pode fazer escolhas ou contrariar suas ordens. Por isso, terá que se casar com um rapaz anos mais velho porque foi escolhida. Enquanto tenta encontrar maneiras de não se envolver com seu prometido, a pequena sereia tenta decifrar um mistério que envolve o desaparecimento de sua mãe. Juntando a curiosidade de Gaia sobre o que existe na superfície do mar e a falácia do que aconteceu a sua saudosa mãe, nos veremos diante de uma narrativa em que uma sereia irá abdicar do que tem de melhor e mais importante para ser amada por um ser humano e descobrir o que realmente aconteceu à esposa do poderoso rei do mar. ? Pelo que Gaia/ Muirgen irá passar para conseguir ganhar o amor de Oliver, um ser humanos salvo por ela durante um naufrágil? E sua mãe o que poderá ter lhe acontecido?
"Nunca me deixaram falar demais. Meu pai não é muito chegado em garotas curiosas, então eu simplesmente mordia minha língua."
Durante a leitura desse livro me vi diante de situações colocadas na ficção, mas muito comum de acontecer na nossa realidade. A supervalorização da beleza, homens tentando colocar mulheres umas contra as outras. A mulher como sexo frágil, que deve ser mantidas no lar ou impedidas de dirigir grandes negócios, entre outros absurdos como o abuso sexual da mulher de menor idade, mulheres poderosas sendo silenciadas pela violência também e a denuncia ao preconceito voltado para a homossexualidade. Eu gostei muito da forma como tudo isso foi colocado. A autora não desenha o que está acontecendo, a personagem e suas reflexões dá conta de nos mostrar que existe algo de errado, de forma natural, e nossa percepção de que as coisas necessitam de melhoria é o que dará conta de enfraquecer esse patriarcado ditador. E ele é muito comentado na história, principalmente com a figura do pai da Gaia, conhecido como Rei do mar.
Muitas vezes durante a leitura eu me vi envolvido e tenso com os acontecimentos. Não é uma história que se assemelha ao desenho da Disney, muito longe disso. A narrativa apresenta absurdos muitas vezes chocantes e por isso indico a leitura do conto original para que você compreenda melhor alguns pontos da narrativa.
Vi os livros de forma muito positiva, embora tenha feito algumas observações em alguns momentos.
A primeira delas é que muitas vezes percebi fragilidades na narrativa como o entendimento da sereia sobre muitas coisas do mundo real. Gaia nunca havia saído do fundo do mar até completar quinze anos, mas quando se deparou com o mundo dos humanos de repente já sabia de coisas demais. Achei isso um tanto incoerente, mas consegui abstrair.
Apesar de ter achado uma narrativa natural, que não forçou a barra na hora de apresentar o patriarcado e que mostrou de fato que o grande medo é perceber a força que as mulheres tem, eu percebi um reforço - não sei se proposital -, na narrativa, do olhar que as pessoas tem sobre o que é ser feminista. Será mesmo que ser feminista é odiar todos os homens e o ato de lutar pelo seu direito é o mesmo que se vingar? E sobre isso não irei me aprofundar, pois corro o risco de deixar spoiler.
Sobre essa questão do que é ser feminista, indico a você a leitura do livro "Sejamos todos feministas", da Nigeriana Chimamanda.
"Alguns homens têm muito medo de mulheres, minha criança. Esses homens são os que mais nos desejam, e são os mais perigosos quando não conseguem o que almejam."
De modo geral eu posso dizer que gosto e indico o livro porque apesar dos deslizes e fragilidades envolvendo a narrativa, que também carece de mais ação em alguns momento, eu percebo que existe uma denúncia clara sobre como devemos apoiar as mulheres nessa luta e também lutar junto contra o machismo que maltrata, enfraquece e muitas vezes, mata.
Beijos, até a próxima! ♥️