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4 de abril de 2015

Pintura Feliz




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Borboletas voam pelo campo verde e a imagem colorida completa o quadro que Alice pintou em sua vida. Exposto na parede do quarto é possível ver o vestido azul e branco que a garota veste e seus pés descalços pisando o chão puro.
A menina que corre de um lado a outro pode ser confundida com a garotinha que caiu na toca do coelho e viveu seu mundo por trás do espelho. O campo onde está correndo é seu, o chão onde pisa tem pedras e machuca, o seu vestido que não é tão limpo está amassado. O céu já esteve nublado, pingos de chuva caíram pesados lá do alto, mas o azul que dá cor a imensidão voltou a aparecer.
Os pássaros naquele lugar não falam, mas cantam a manhã que acabou de chegar. As flores não montam coral no jardim, mas exalam um aroma capaz de adocicar corações. Lágrimas não geram mar e secam rápido quando um caminho – um único caminho – complicado surge sobre os seus olhos. Que eu erre! – pensa. Há apenas um caminho cheio de escolhas, melhor que vários caminhos simples, comuns. Toda e qualquer escolha que seja feita, Alice proclama a todos os erros a graça de transformá-los em acertos. E ela continua a corrida pelo grande campo. 
Sem coelho e pressa, sem corrida desesperada ou chapeleiro maluco e seu inexistente chá. Sua calma independe disso e sua doçura transcende a satisfação de ser o que ela é: complexa em seus questionamentos, decidida em suas escolhas. Não há quem ordene lhe cortar a cabeça e o seu caminho para casa não lhe mostra labirintos.
Enquanto se suja com tintas coloridas, prestes a pintar a porta de casa, a pequena de vestido comum e vida simples não precisou habitar um maravilhoso mundo. Ela simplesmente se fez maravilha dentro deste vasto espaço, escolheu cores vivas, pintou o seu melhor sorriso e escolheu, para o seu último traço na pintura, a expressão de alguém que escolheu dar o seu melhor sorriso com a expressão de um sorriso feliz.

2012 © Diego França *

11 de junho de 2012

Vida em letras #4


Encontro dos amantes


E seguiu voando a menina de vestido arrumado
Foi mais longe a mulher que ajeitou maquiagem
Num lugar qualquer;

E nesses encontros com a vida
Desencontro também conheceu;
Olhos enganosos, fontes tristonhas
Que o amor arrebatou
E tratou de mostrar.

Que há ódio e vazio;
Para a solidão, o chorar;
Um tempo, um caminho;
Um espaço e um lugar.
Pra ser menina e ser grande;
Pra ser perdida e encontrada pelo tão sonhado amante.

Que depois da dor a chama de minha, de vida, de mulher.
E chama de amor e de paixão.
Que pede e sua com um beijo e um abraço;
Que constrói uma vida inteira
A partir de um aperto de mão.

© Diego França 2012 *

19 de maio de 2012

O recitar



***

Num pedaço de espelho partido ela se olha e torna pintar o rosto de branco. Uma textura de tinta desconhecida, de efeito satisfatório, embranquece a sua face. Num cantinho escondido da rua escolhe sua melhor roupa (ainda que haja um rasgão nos panos), coloca seu chapéu, sua bolsa, até então vazia, e segue seu rumo.

O primeiro ônibus vem passando e, de longe, ela pede a parada. Entra, cumprimenta os passageiros com um bom dia feliz e espontâneo. Do barulho percebe-se o silêncio das vozes que se calam para olhar e ouvir aquela garota tão animada e encantadora. E tinha um talento admirável! Pobre de materiais e bens que deveria ter, por direito, rica de palavras e gestos, é dona de uma voz altiva e encantadora.

Na primeira parada inicia-se o recitar interpretando uma poesia de Carlos Drummond de Andrade. E continua a viagem... No próximo ponto recita uma poesia que fala de sertão. Não se sabe o autor - talvez seja de sua própria autoria -, mas ainda assim, o público não recolhe aplausos e a satisfação nos olhos da grande atriz é brilhante.

Agora ela passa o seu chapéu. A menina que veio do Ceará tentar a sorte em um lugar desconhecido colhe o reconhecimento de seu trabalho. O barulho das moedas representam contentamento, o prazer e admiração dos passageiros. Mas então a porta da frente se abre e ela desce no próximo ponto, entra numa outra lotação e segue adiante com sua alma rica e cheia de luz. Vai embora com a maior riqueza de sua vida: a riqueza da alma. E eu vou seguindo o meu caminho pelos pontos da cidade esperando encontra-la, outra vez, para mais um recitar.


2012 © Diego França

7 de janeiro de 2012

'Segredos da alma'



***

Eu conheci uma menina e ela tem o coração partido. Levou algum tempo até que eu entendesse ou soubesse o por quê do seu olhar vago e sua forma fria de ver o mundo. Levou um tempo até que eu percebesse uma garota perdida, com medo, assustada.

Brasil, Paris, Canadá, Portugal. Ela está em todo lugar, tem a cor branca, negra e pode ser ruiva, loira ou morena; Trabalha num cantinho arrumado, estuda sua vontade cheia de medo, na universidade, vive nas ruas ou trancada em seu quarto com a mente ocupada, em devaneios. É rebelde, insensível, romântica e transmite um egoísmo quase perfeito.

Tento descobrir onde estão os seus amigos e, na lista, poucos nomes aparecem, enquanto fala no que acredita e se mostra imparcial em sua crença. Onde estão os seus sonhos? – pergunto. A resposta vem da imagem dos seus pés presos no chão, impedindo-a de levitar com facilidade.

Segredos de uma alma, duas almas ou três perdidas na multidão. Procura incessante por respostas. Medo do amanhã e do agora reflete o quadro de sua vida.

Eu conheci uma menina com medo, assustada, tentando se defender da chuva e do sol. Uma garota ingênua com ânsia de descobrir se aquela imagem tão simples e bela, enfeitando o jardim, é mesmo uma flor e se realmente é azul, rosa ou verde. Ela é só mais alguém tentando descobrir se aquela flor representa uma verdade.


2011 © Diego França
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