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7 de janeiro de 2019

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS, DE GEORGE ORWELL, ADAPTADO E ILUSTRADO POR ODYR


Olá! ♥️
Hoje é dia de contar minha experiência com "A revolução dos bichos", de George Orwell.

Conheci o autor através de uma professora da faculdade no início da graduação. Não havia nem sequer ouvido falar nele, mas indicações não faltaram. Curiosidade também não. E ainda assim não li o livro completo. No entanto, o "Quadrinhos da Cia" nos deu um presente ao lançar esse livro ilustrado pelo artista gaúcho Odyr num período político conturbado e pela leitura rápida que me proporcionaria naquele momento decidi ler. E que livro incrível!


A fábula contida em A revolução dos bichos traz à tona toda uma questão política que dialoga muito bem com a realidade, principalmente da Revolução Russa. Publicado pela primeira vez em 1984, na Inglaterra, Animal Farm (título original) marcou história e é referência para os leitores até hoje. Na história um grupo de animais criam uma revolução para tirar a fazenda onde vivem do poder dos humanos e traçam estratégias eficazes a fim de instaurar um regime totalitário na fazenda. No entanto, uma dupla de porcos ameaça toda a organização e grandes problemas acontecem a partir dese momento.

A Revolução dos Bichos faz uma ácida crítica ao momento político daquela época e reafirma na história o quanto a revolução foi baseada em interesses mais do que em ideais e em vários momentos da narrativa é perceptível o quanto os porcos criam estratégias de organização de um modo que possa beneficiá-los. Isso não é tão diferente do que acontece no cenário político atual do nosso país. Não vou entrar em maiores detalhes sobre a política, mas é impossível não reconhecer o quanto a história em si se parece com o que vivemos hoje no Brasil.

Na orelha do livro tem um pequeno texto que resume muito bem a ideia que tive ao fazer a leitura. O comentário de Christopher Hitchens (jornalista, escritor e crítico literário britânico e americano) comenta que o livro (Animal Farm) nos diz que aqueles que renunciam à liberdade em troca de promessas de segurança acabarão sem uma nem outra.. E no final da leitura, o cenário da fazenda deixa isso muito claro. Outra crítica é sobre a alienação das pessoas que talvez por conforto ou por questões de interesses também acabam vendando os olhos para a realidade que os cerca.
"Porém os brutos, estúpidos, ignorantes demais para entender o que acontecia, limitaram-se a murchar as orelhas e apertar o passo. Logo o carroção atravessava a porteira e desapareceria na estrada. A explicação dada era muito simples. A carroça pertencera, antes, ao matadouro, depois fora comprada pelo cirurgião veterinário, que ainda não apagara o letreiro. Sansão nunca mais foi visto."
A riqueza da história é incontestável e a prova disso é o sucesso que o livro faz até hoje com ótima vendagem. A companhia das letras já publicou outros livros do autor, como 1984, O que é fascismo, entre outros, mas o grande diferencial dessa edição de "A revolução dos Bichos" publicada em outubro são as ilustrações de Odyr. O artista nascido em Pelotas e autor de dois livros como desenhista enriqueceu ainda mais a fábula de Orwell trazendo imagens com pinturas cheias de detalhes e cores que expressam muito bem o ambiente revolucionário. O livro que teve tradução de Heitor Aquino Ferreira será lançado fora do país também, em países como Inglaterra, Espanha, Estados Unidos e Itália.

A revolução dos bichos que traz à tona as consequências de um regime totalitário, que dita e age a favor dos próprios interesses, como diria "O Estadão", para quem ainda não entendeu, agora está desenhado.
Se quiser saber mais sobre o livro indico o texto maravilhoso do site da Revista Galileu, 5 Lições que 'A Revolução dos Bichos' nos ensinou , de onde tirei algumas referências para a escrita dessa postagem.
Bjux,
até a próxima! ♥️

10 de agosto de 2016

Persépolis - HQ completo e autobiográfico de Marjane Satrapi



Você já se imaginou vivendo numa cultura totalmente diferente da sua, com conceitos e crenças que vão contra tudo o que você realmente acredita? É até difícil imaginar quando  a gente vê tantos rituais e costumes tão contrários aos nossos, não é mesmo?

Mas e quando você não concorda com as imposições, que existem dentro de seu próprio país?

 Marjani Satrapi é uma iraniana que lutou por aquilo que acreditava, muitas vezes batendo de frente, de maneira corajosa com seus opressores. 

Quando tinha apenas dez anos de idade, Marjani Satrapi foi obrigada a usar o véu islâmico e estudou numa sala de aula só para meninas. Sua família era muito politizada e se envolveu com questões políticas, como os movimentos comunistas e capitalistas no país antes da revolução iraniana, em 1979, uma revolução que "lançou o Irã nas trevas do regime xiita". Satrapi sempre teve consciência política e sempre esteve disposta a lutar por seus direitos como cidadã e como mulher, principalmente pela sua liberdade de expressão. Participou de protestos, discutia política em casa com os pais e familiares, bateu de frente com a diretora da escola onde estudava, desobedeceu as leis e deu festas, dançou, fez e contou sua história. 


Sua autobiografia em quadrinhos foi publicada em quatro volumes, que agora podem ser lidos num só livro, lançado pela "Quadrinhos da Cia", um selo de publicações de HQs da Companhia das Letras. Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar. 

Persépolis é uma história emocionante e, como foi escrito na frase acima (que está na sinopse do livro) mistura drama e comédia e aproxima você do Irã. É uma verdadeira "aula" de geografia, história, educação e um exemplo de luta não só pelos seus direitos de escolha, pelo seu espaço, pela sua voz, mas também uma luta por quem você é. Através das experiências vividas pela autora e protagonista da história é difícil que o leitor não se sinta motivado ou inspirado a buscar seus direitos e enxergar a hipocrisia na sociedade.

A história mostra a infância de Marjane, quando estava começando a conhecer e entender o mundo e todas as injustiças que existe nele; quando presenciou a primeira guerra no seu país e precisou muitas vezes se esconder no porão de cara com os pais, um lugar seguro que os protegiam das bombas que eram jogadas na cidade. O período da adolescência, seguido pela fase adulta, foram dois períodos marcados por questões voltadas para a consciência da mulher sobre sua independência e seu relacionamento com o sexo oposto - citando também as relações homossexuais. Imagino quantas pessoas se sentiram encorajadas nesse momento! Às vezes a gente só precisa de um incentivo, que nos diga "estamos juntos nessa" para que possamos falar sem medo e garantir nossos direitos. Ninguém luta sozinho, e o conceito de "sororidade" pode ser muito bem aplicada nessa parte da história. 


Eu não disse tudo o que poderia: que ela era frustrada, pois aos 27 anos, que ela me proibia o que era proibido para ela. Que casar com alguém que a gente não conhece, pelo dinheiro, é prostituição. Que apesar das mechas e dos batons ela agia que nem o Estado. Que... Etc... Naquele dia metade da classe virou as costas para mim.

Persépolis também é um filme, baseado na história em quadrinhos, e estreou no Festival de Cannes em 2007, também na França, Bélgica e aqui no Brasil. 



Persépolis me fez rir, mas me fez chorar também. Todos os assuntos políticos, toda a vida social da mulher sendo colocada abaixo do homem são problemáticas tão antigas e ao mesmo tempo tão atuais, que é impossível você não se sentir tocado e incentivado a querer lutar contra isso até o fim. São as risadas e as lágrimas, bem como a sensação de ira - provocada pelos traços, fatos e diálogos - que desperta no leitor aquilo que chamamos de consciência. 

É agora que você tem que aprender, tem a vida inteira pra se divertir! O que você quer ser? Neste país você precisa saber mais do que ninguém para sobreviver!

Espero que você que ainda não leu tenha o prazer de se divertir e se emocionar com Persépolis.

XOXO
Diih.



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