31 de janeiro de 2018

Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf





Virgínia Woolf, autora inglesa; Mrs Dalloway uma de suas principais obras. Um clássico, uma narrativa peculiar e um senso crítico aguçado quando se trata da sociedade inglesa da época.

Olá!

Ler um clássico para muitos é questão de honra, para outros um martírio. Você já parou para pensar em qual das duas categorias você se encaixa? Não sei se existe meio termo, eu com certeza estaria dentro dele, acredito que a questão não é ler clássicos, é como ler um livro clássico. E depende de qual livro você vai ler, porque assim como qualquer coisa na vida ou a gente se identifica ou não se identifica.

Talvez você já tenha lido Mrs Dalloway e tenha uma opinião formada em relação à história, e talvez você não tenha lido ainda, mas esteja desejando verdadeiramente. É importante saber que essa é uma das obras mais aclamadas da autora, e foi também uma das mais criticadas pelo público provavelmente por fazer uma crítica à sociedade fútil da época e pela narrativa peculiar, nada simples ou de fácil compreensão. Ainda assim, é um marco na literatura, essencial na lista de clássicos a serem lidos. E a partir das razões que vou lhe dar logo mais, você dirá se vale a pena ou não realizar a leitura.

Haverá uma festa na casa de Clarissa Dalloway à noite. A dona de casa prefere sair para comprar flores, já que sua empregada tem muito o que fazer.  Na trajetória de Mrs. Dalloway até a floricultura,  a mulher encontra amigos e conhecidos e relembra acontecimentos de seu passado numa narrativa não linear, com frequentes momentos de flashback. Além disso, ao mesmo tempo em que mergulhamos nos pensamentos da personagem, vemos a vida de outras pessoas que ao redor da protagonista, vivendo seus problemas e suas mentiras e infortúnios nos anos de 1920.

A complexidade da narrativa é incontestável. O livro aposta no fluxo de consciência, que é uma técnica narrativa que se propõe a narrar o pensamento de um personagem, sua linha de raciocínio e suas ideias que se desenrolam durante o processo de reflexões que acontece ao mesmo tempo em que ela vive as situações rotineiras. No caso de Mrs. Dalloway, a mulher questiona o tempo inteiro os costumes  da sociedade da época tão superficial e hipócrita, questiona também acontecimentos de seu passado, o que nos leva e nos trás no tempo da narrativa, que agora está no presente e, talvez de modo que você nem perceba, no momento seguinte estará narrando um fato do passado, como uma importante lembrança da personagem. 

Essa não será uma leitura fácil, ela merece muita atenção, pois os fios se misturam, mas sempre se encontram formando um emaranhado de informações, dando uma visão ampla do que acontece no íntimo da personagem e ao redor. Pode não ser uma leitura interessante para alguns, se revelando nada atraente e até entediante. Mas agrada ao leitor que gosta de narrativas introspectivas. 

Mrs. Dalloway nos leva uma viagem pelos pensamentos de uma personagem/mulher muito além de seu tempo. A trama se desenrola fazendo um passeio pelo íntimo do ser humano, mostrando suas crises existenciais, seus anseios e insatisfações, além de trazer à tona - de maneira sutil - temas como a homossexualidade e feminismo. Apenas escolha o momento certo e o lugar certo para realizar essa leitura e isso definirá muito sua experiência com ela.
A edição que li é dos clássicos da Peguin, selo da Companhia das letras. Também observei através de uma breve leitura, edições de outras editoras, e das que li posso assegurar que a melhor tradução é a que está em destaque nessa publicação.

Um Bju meu,
com carinho



11 comentários:

  1. Oi, Diego. Você tocou em um ponto muito legal. Hoje mesmo vi um post sobre as pessoas que liam clássico e as que não liam, que não era pecado se você fizesse parte do grupo que não lê. Só o nome clássico dá a impressão que a gente DEVE ler porque todo mundo gosta, porque mudou a sociedade de alguma forma e blá blá blá e isso não é necessariamente preciso. Eu particularmente detesto clássicos mais porque a narrativa pra mim é muito confusa, mas tem alguns que realmente valem super a pena.
    No caso desse livro da Virginia, provavelmente não leria. Apesar de ter gostado do tema, já que infelizmente a nossa sociedade ainda consegue ser fútil em determinados assuntos, eu não consigo me apegar a narrativas tão complexas assim, e a leitura acaba se tornando realmente um martírio. Fico muito feliz que você tenha gostado, e convenhamos que a capa é maravilhosa.
    Beijos
    http://www.suddenlythings.com

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  2. Oi, Diego!

    Adorei a resenha e a sinceridade! Eu admito que fujo de clássicos porque num geral não me agradam. Achei boa a premissa da obra, mas provavelmente seria uma leitura pra mim, então acho que dessa vez vou deixar passar :(

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br

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  3. Oi Diego, tudo bem?

    Eu também me encaixo no meio termo quando o assunto é clássicos, mas confesso que não conhecia essa obra. Saber inicialmente que ela criticou a sociedade da época e suas futilidades é algo que me agrada de cara, pois adoro isto.
    Saber que a leitura do livro não é fácil me estimula mais (sim, contraditório), pois adoro me arriscar em obras complexas e que precisam de toda nossa atenção nas suas interligações. Adorei a sua resenha, Parabéns!

    Beijos!

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  4. Bem bacana essa indicação de livro e suas conclusões sobre ele. É um livro de tema bem contemporâneo. Gostei de conhecer. Parece ser uma ótima leitura sim.

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  5. Sem duvidas pra mim ler um clássico é um martírio, posso tentar mil vezes que não vai DE JEITO nenhum acho meio pesado e cansativo, parece que quando a palavra clássico aparece já vira uma obrigação sabe? Bom mas ótimo post, sucesso.

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  6. Oi Diego! Gostei muito do início do seu texto. Eu tenho visto absurdos nessa discussão entre leitores e não leitores de clássicos que tem beirado a loucura. Eu acho que cada pessoa sabe o que agrada. Conheço uns que tem trauma dos clássicos por causa da escola, eu mudei de opinião quando li Dom Casmurro pela segunda vez, mas por vontade própria... Enfim. Eu gosto de ler clássicos, mas precisa ser aqueles que conquistem meu coração pela sinopse e não porque pessoas acham que eu deva ler para ser considerada leitora - sim, a gente lê esses absurdos por aí haha
    Sobre o livro, acho que leria ele, sem dúvidas. Já amei essa parte de crítica a sociedade, porque acho que mesmo falando de 1920, de alguma forma, vamos conseguir aplicar no nosso tempo. E a capa é uma gracinha. Vai entrar na lista de Clássicos que devem ser lidos! Amei mesmo. Beijos

    https://almde50tons.wordpress.com/

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  7. Oi Di...
    Eu leio clássicos mas como eme tudo na vida alguns eu amo outros odeio. Este eu não conhecia mas me parece algo que eu teria prazer em ler. Sua resenha tá linda e ase fotos... que tiro foi esse?
    Brincadeiras a parte, adorei. Beijos

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  8. Eu quero muito realizar essa leitura mas confesso que tenho um pouco de receio rs. Gostei muito da resenha e seu blog é lindo.
    Abraços

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  9. Olá!

    Eu amei o que você ressaltou no início de seu texto! Eu amo os clássicos, mas tem um livro ou outro que não me agrada, o mesmo acontece em outros gêneros e isso é super normal.
    Quanto a obra, eu já ouvi alguns comentários a respeito. Ainda não tive a oportunidade de ler, mas tentarei adicionar na minha lista de 2018.

    Beijos,
    Narah - www.lerantesdedormir.com.br

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  10. Uou, já quero ler, amo livros nessa pegada; que tratam dos anseios do ser humano.

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  11. Oi Diego!
    Eu também estaria no meio termo, pois odeio essa história de quem não lê clássico não é leitor. Há discurções enormes sobre o assunto e eu só consigo ver como absurdo rotular quem ler um gênero e não ler outro.
    Eu ainda não tinha visto esse livro e pela capa já daria uma oportunidade a ele.
    Bjs
    https://almde50tons.wordpress.com/

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