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♥♥♥
Me
decepcionei quando olhei para aquele rosto e não encontrei quem eu esperava que
fosse. Não era ele! Um Senhor barbudo e sério aproximou-se de mim e, sem muitas
palavras, me entregou uma carta. Em seguida, virou as costas e foi embora. Eu o
chamei novamente e agradeci. Estava ansiosa para ler o que tinha escrito.
Eufórica, rasguei o envelope com pouco cuidado imaginando que fosse uma notícia
ou mais uma brincadeira romântica do Victor. Era óbvio! Ele sempre me
presenteava com uma surpresa diferente, cheio de ideias e criatividade como só
ele.

De início não acreditei no que estava lendo e
por um momento de delírio avistei, do outro lado da rua, o Victor aparecer com
um buquê de flores na mão, me presenteando com aquele sorriso brilhante capaz
de iluminar o céu e o universo ao meu redor. Uma lembrança que foi interrompida
por duas crianças que passaram correndo, tentando pegar borboletas que voavam
leves e coloridas. Voltei à realidade e reli a carta que dizia:
“Meu amor, meu doce amor! Como você está linda e mais
feliz. Eu não pude deixar de reparar o brilho maior que te envolveu no dia de
hoje. Estive te observando de longe, mas preferi não ir até você e tornar esse
momento um pouco mais fácil. Infelizmente um destino mais forte vai nos separar,
mas onde quer que eu esteja eu estarei pensando em você me culpando por ter
partido o seu coração dessa maneira. Também não está sendo fácil para mim, te
ver e não me aproximar. Mas é assim que tem que ser! Prometa que você não fará
por onde me encontrar logo! Eu preciso que você fique aqui para regar as rosas
amarelas que costumávamos colher. Não as deixe murchar. O meu amor por você foi
regado hoje mais uma vez e nossa história irá ficar pra sempre marcada nas ruas
do outono dessa cidade. Lia, apesar de ter sido tão bom e maravilhoso, preciso
ir embora sem você. Sei que nunca irá me perdoar por te deixar sem, ao menos,
uma explicação e não cumprir a minha promessa. Quem sabe um dia você me perdoe
e nos encontremos numa mesma dimensão. Mas eu preciso seguir o meu caminho. Até
um dia, talvez. Vai ser melhor assim. Te amo.
Beijos,
Vic.”
Lágrimas
começaram a cair molhando a folha de papel rabiscado com palavras tristes, que definiram
os meus dias dali em diante. E eu gritava ao céu para que o meu grande amor
voltasse; implorava que fosse apenas uma brincadeira, um surto do infinito e
que logo ele apareceria me trazendo flores amarelas e caminharíamos de mãos
dadas, como de costume. No entanto, a realidade era só uma: um pedaço de mim
foi levado embora e agora restava pouco para o nada.
O que dizer? E como explicar tudo que sentir ao ler esse trecho com apenas palavras...? Há ou não há? Viver e não ver. Sentir, pra que sentir?Tantas coisas em um todo, que o tudo no todo pra nós é um simples encontro da dúvida com o vazio. Sinto nisso tudo um grande eco, que ressoa e ressoa com um barco perdido na imensidão do mar de amar. Naufraguei-me então na triste solidão...
ResponderExcluirMuita emoção e fico a espera do próximo que está por vir.