26 de maio de 2011

"Ela/Ele


           
“[...] Ele era um aspirante a poeta
                     Ela era inspiração[...]”

                              



















(LEAH, Sandy. Ela/Ele, Faixa 4, Álbum Manuscrito, 2010)

24 de maio de 2011

"Aventureiro"


Hoje decidi acordar no meio da madrugada e conhecer o vazio que existe depois da meia-noite. Levantei-me da cama e coloquei os pés descalços no chão. Não quis calçá-los ou me olhar no espelho e ajeitar os cabelos desarrumados. Estava ansioso para vagar no meio da escuridão.
Depois de abrir a porta de casa, segui em passos lentos e silenciosos. Senti o vento me beijar e o céu se abrindo sobre mim. Então, percebi que a madrugada não é tão vazia e quanto mais me permitia, o mundo tornava-se maior. Sim, o céu era tão escuro quanto a rua que me esperava ansiosa.
Continuei a caminhada na companhia das estrelas. Tão lindas, cheias de luz, de brilho ofuscante... Elas me conduziam todas de mãos dadas. Vi casas que se moviam, navios gigantes, quimeras, árvores falantes; ouvi sons silenciosos, e arrepios que desconcertam me vinham à pele.
A madrugada escura é um tempo sem intrigas. Tudo o que se esconde se faz vivo na escuridão. Gritos, vozes, sombras e maçãs enormes olhavam para mim; folhas que ganharam vida, águas que corriam longe e cavalos marinhos. De repente, não havia distinção de mundo. Tudo era igual, tudo ganhara vida. Minha sombra tomava a frente de tudo sem repetir os meus gestos, meus olhos nem sequer abriam. Eu estava curioso e perplexo com esse novo lugar. Tão grande, cheio de pecados e exclamações!  Era vida, fantasia, alimento para a alma. Vi estátuas movendo-se; era loucura! Eu não queria voltar. Não naquela hora enquanto havia muito para ver e sentir.
Mesmo de pernas cansadas quis seguir. E eu ia... e eu ia... Gostaria de ir até o fim! Sei que havia muito a ser descoberto. Tinha visto formas sem tamanho, objetos com vida, moradas em movimento e eu sem nada a temer.
Permaneci absorto quando as estrelas me indicaram o momento de regressar. Enquanto refazia os passos de trás, as maçãs já não cresciam, os edifícios permaneciam inertes e apagados; procurava e já não encontrava cavalos marinhos. Minha sombra me acompanhava imitando os meus gestos em silêncio. Agora, estou ainda descalço no meio da rua deserta, com frio e sentindo arrepios. Estou voltando para casa, retornando ao meu corpo e então, venci os meus medos, aqueles mesmos que eu tinha de mim.
                                                                    

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23 de maio de 2011

"Espera"



  Uma vez ou outra olhava pela janela. Dias de sol ou chuva. O cheiro de folhas verdes ou terra molhada aromatizando o lugar. Enquanto eu amanheci e vivi mais um dia como outro qualquer, minha mãe me chamava para o chá da manhã. Eu acordava frio, entediado e sentimental. Gostaria de estar diferente e não sentir tanto a vontade de sentir o cheiro das flores.
     Mais uma vez olhei pela janela. Continuei a preencher o tempo assim me perguntando até quando. Não conseguia sair dali. Era uma paisagem bela e eu gostava! Queria que a minha procura fosse como ela, quando eu pedia "Por favor", quando eu pedia "Atenção" e sonhava com alguma emoção diferente.
    Nas noites, a mesma coisa; olhava para fora e agora via estrelas naquele lugar distante. Apenas estrelas, ninguém mais! Então, fechei as portas e voltei a fabricar sonhos e imaginar quando você chegaria.
    Quando o dia amanheceu e eu, enfim, abri os meus olhos, senti um abraço forte! Era primavera e você também gostava da paisagem e assim, me realizando todos os desejos num simples gesto, soube decifrar os meus segredos mais profundos e eu pude perceber; o amor que eu tanto esperei estava ali e eu somente não havia percebido!

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22 de maio de 2011

"Havia uma criança..."




                Estou andando pela cidade. Olhar atento e fixo aos movimentos. Na praça muito verde, muitos bancos, muitas pessoas. Está ventando. A brisa me toca tão leve que fecho os  olhos para sentir.

               Vejo uma criança. Um garoto correndo no espaço, assustando pássaros, gritando… Ela acaba de cair no chão e de seus olhos lágrimas, que são tomadas pelo abraço da mãe que o leva para perto do pai. O menino, não mais indeciso e agora ainda mais forte, levanta-se do banco e volta a correr pisando nos pés de quem passava, para pegar uma bola que mal cabia em suas mãos. Lá vai ele tão inocente…
              O tempo está passando depressa, começa a escurecer e eu nem percebo. De mãos dadas com os pais, o garoto segue em passos curtos e está sorridente, mas só agora eu abri os meus olhos. Já não é mais um segredo; Esse menino sou eu, numa sonhada e doce infância. Um passado idealizado no presente.

     
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"Real ficção"



Estou escutando o que você me diz. Você me olha nos olhos, eles brilham de emoção e a minha pele arrepia todas as vezes que te ouço dizer que me ama. Acabei de fechar a porta do quarto e tudo está em seu devido lugar. Meu sorriso mostra o quanto sou feliz por ter você por perto e é assim que os meus dias seguem. As horas já não existem nos seus braços e o frio apenas ajuda-nos a sentir mais próximos. É bom ver que a chuva cai e nos impede de voltar a caminhar lá fora. Os dias ao seu lado são maravilhosos! Com você eu esqueço todas as aflições e angústia; O passado, as frustrações... ; esqueço-me da realidade.
              Agora estou saindo da cama. O espelho, tão grande, mostra a minha face e meu corpo inteiro.  Nesse momento, percebo que eu estou aqui, mas você não!
Toda essa vida se fez nas fantasias desejadas que vinham  do fundo de um coração partido e desesperado. Sem você eu crio um sonho dentro da realidade, crio a esperança de te encontrar mais tarde e adormeço.


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