29 de outubro de 2011

Até chegar aqui


É frio, na madrugada lá fora, e eu estou sentado frente a uma lareira, na sala de minha casa. Tomo um gole de vinho. Não há ninguém, somente o silêncio e o breu. Estou com o olhar fixo para o fogo, me perdendo nas chamas e me sentindo queimar por dentro. Os livros na estante estão em ordem.
Minutos atrás estava num ambiente frio, passeando por uma rua escura e que parecia não ter fim. Eu estava em prantos quando deveria estar feliz. Estava vivendo um momento que tanto desejei viver. Deveria estar me sentindo vivo, atraente, leve, no entanto tudo o que eu esperava era que terminasse aquela corrida que parecia não ter fim.
Antes da caminhada eu disse um “Sim”. Aceitei o maior desafio, o maior jogo contra mim. Estrelas brilharam, fogos explodiram, o coração pulsou e mal me deixou perceber que aquilo era real. Eu era real, o que eu havia deixado numa cena anterior também era real. E era bem mais do que eu poderia imaginar. Era um dia de sexta, uma tarde de domingo, uma noite de sábado. Era eu, era o amor, a incerteza e a poesia que corriam em minhas veias. Tanta coisa e eu só tinha o incerto em minhas mãos. Não via uma direção exata, um caminho para o sonho real, a fantasia da certeza e o anjo que me levaria para sempre em suas asas. Não havia, nem mesmo, fadas! Precisei acordar.
Agora estou aqui queimando por dentro. Tenho um sim, uma chance de ser feliz e não sou; Tenho a realidade do sonho, a certeza do agora e um passo para “o depois”; tenho tudo menos os braços que me levariam desse mundo cruel ao qual terei de assistir sumindo nas chamas a cada dia. E assim vou ardendo ciente de que nunca fui satisfeito com o que tenho ou, na verdade, nunca tive o que sempre quis. E os meus livros continuam numa estante, na parede ao lado.


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