30 de outubro de 2017

Seja Você!


Olá!



Permita-me desabafar com você. E desabafe também. Porque a publicação de hoje mais do que nunca é isso: um espaço para expressar alguma indignação. A minha é direcionada às convenções sociais, que tanto aprisionam, ditam regras, apresentam distinções absurdos sobre o ser e o que ele deve fazer ou não.

Para começar gostaria de dizer a alguém, uma pessoa que seja - acredito que para mim fará a diferença -, que se ainda pensa e segue essas convenções, que repensem, reflitam. Nenhum homem deixa de ser homem pela maneira como olha as unhas; nenhum homem deixa de ser homem quando reconhece a beleza do outro e lhe estende a mão em troca de ajuda ou carinho. Isso é ser humanitário, não é ser gay, bixa, baitola - ou seja lá qual for o nome que se infestou no nosso léxico para se referir a um homossexual. Homem chora, isso é sensibilidade (e quem disse que Deus a tirou dos seus homens?), homem também tem lá suas fraquezas e isso não faz dele menos homem que ninguém. 

Mas vamos realmente ao que interessa. Minha indignação, o estopim para o texto de hoje, veio a partir de uma cena que presenciei quando estava indo para a escola. Essa cena não deixa de fazer parte do contexto citado acima (estou calmo, calma, tudo vai fazer sentido).

Hoje me lembrei de um episódio que vivi na minha época de estudante, quando eu era apenas uma criança descobrindo maneiras para me virar no meu dia-a-dia.

- "Di, não carregue os seus livros assim! Homem carrega os livros assim, ó."

Carregar os livros "assim ó..." quer dizer que eu DEVERIA pegar os livros, segurá-los com o braço estirado para baixo de modo que eles fiquem encostados na minha cintura. Enquanto a menina é que DEVE segurar os livros para que eles fiquem apoiados no peito. 

Depois de muito tempo, mais precisamente hoje, parei para refletir sobre esse absurdo (um dos vários), pois um garotinho andava pela rua, à tarde, quando estava indo para a escola, e foi chamado de "bixa" por estar levando seus livros "como uma menina". Nesse momento, olhei nos olhos do garoto (que ficou envergonhado com a situação) e apoiei meus livros no peito também, assim como ele. E eu espero, de coração, que ele tenha entendido o recado. 

Cada um escolhe a forma que lhe convém, a maneira mais confortável de carregar os livros que tem nas mãos. Cada um olha para o lado da maneira que é sua, e olha para as unhas como bem quer, como bem lhe apetece seus impulsos. É um absurdo achar que detalhes como esses farão alguma diferença na vida e na sexualidade alguém. 

Ah, vá! Menos ignorância, gente. Menos ignorância, por favor!


A ilustração do texto foi retirada de imagens da internet. Infelizmente não representa tão bem quanto eu gostaria o texto acima. No entanto, as imagens que mais dialogam com a o texto estão protegidas por direitos autorais. Obrigado pela compreensão.

XOXO,

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