22 de fevereiro de 2017

Juntando os Pedaços, de Jennifer Niven



Olá, pípol!
Depois de uma breve pausa nas resenhas (estava com problemas na internet, aos poucos está ficando melhor) estou de volta - Uhuuuu! 

☆☆☆☆☆

Você já sentiu como se perdesse em cada canto um pedaço de si, tendo que pegá-los todos os dias e juntá-los para que finalmente a vida possa voltar a fazer sentido? Juntando os pedaços, o livro que sucede o grande sucesso da Jennifer Niven, Por Lugares incríveis, reúne situações estressantes e por vezes dolorosas, de personagens que são discriminadas e sofrem bullying por alguma razão. Reúne numa narrativa leve a história de pessoas que estão tentando juntar seus pedaços e seguir em frente.

Libby Strout ficou conhecida como "a adolescente mais gorda dos Estados Unidos", quando teve que ser retirada com a ajuda de um guincho dentro da própria casa. Essa parece ser a única maneira pela qual as pessoas conhecem a garota, e ninguém parece disposto a enxergar quem ela é além do seu porte físico. Libby teve um período difícil principalmente porque perdeu a mãe logo cedo e teve que conviver sozinha com seu pai e a tristeza da perda. Mas a garota, que se mostra cheia de garra e encanta com seu talento, sabe que está pronta para encarar a vida e se reerguer. Ela sabe para onde deseja ir e o que quer ser mesmo dentro de um ambiente cheio de rótulos, onde irá fazer novas amizades e conhecer alguém especial. As pessoas ao seu redor é que não sabem de nada e acham que conhece Libby muito bem.

E "todo mundo acha que conhece Jack Masselin", um garoto cheio de estilo e atitude, que participa dos grupos mais populares da escola. No entanto, o garoto não consegue reconhecer os rostos das pessoas com quem convive e esconde isso de todo mundo. Ele não é capaz de reconhecer seu próprio rosto. Para passar o tempo ele vive criando coisas no porão de casa e é extremamente simpático com todos por onde passa, um belo disfarce que talvez não funcione por muito tempo. Quando o garoto é tentado a participar de uma brincadeira de mal gosto, que envolve Libby, ele desperta e adquire um pensamento consciente sobre seus atos. Quando é punido junto aos colegas, que inclui Libby - ela é punida pelo ato violento que exerce em relação a Masselin - o adolescente começa a enxergar quem Libby realmente é, assim como a garota que percebe que Jack também é mais do que o "babaca" que aparenta ser.  A partir daí nasce uma grande amizade e ambos descobrem um novo mundo e uma maneira de driblar os infortúnios que os cercam. 

Juntando os pedaços foi lançado no segundo semestre de 2016 pela Editora Seguinte. O livro cujo tema central é bullying e auto-aceitação aborda situações recorrentes no dia a dia de boa parte dos jovens e adolescentes em todo o mundo. Niven reuniu em seu "novo" trabalho personagens e situações reais, costurou várias histórias que representam o que meninos e meninas vivenciam no dia-a-dia e escreveu um texto em homenagem a esses leitores que sofrem abusos e para aqueles que praticam o abuso também.
"Eu escrevi esse livro para Christine nos Estados Unidos,  para Jayvee nas Filipinas, para Steysha na Ucrânia, para Paulo no Brasil, para Shubhan na Índia, e para todos os outros como eles. (Jennifer Niven)"

A escrita de Niven é leve e é perceptível o carinho nas palavras, que resulta no conforto que o leitor tem durante a leitura () Mas sinceramente não posso dizer que Juntando os pedaços é um livro incrivelmente espetacular e que pode marcar você profundamente. O livro aponta, toca, "belisca", isso é fato, mas achei que poderia ir mais fundo, chegar mais na ferida, incomodar mesmo. O que vi foram várias histórias tentando ganhar espaço, sendo citadas superficialmente, tentando ganhar espaço no foco principal: a vida de Libby e seu problema, e de Jack e a Prosopagnosia. 

Outro ponto incomodo que posso citar são a construção de alguns personagens, posso destacar a namorada de Jack. As características dela é que ela é uma garota fútil e antipática, no entanto não há muitas passagens com a presença dela na trama, e quando aparece não é perceptível essas duas características. A impressão que tenho é que estou julgando uma pessoa sem conhecê-la, apenas porque os outros dizem que ela é assim, que é justamente o contrário do que é pretendido com o texto. E isso acontece com outros personagens também.

O livro é narrado em primeira pessoa, com capítulos intercalados entre Libby e Jack, o que oferta ao leitor refletir junto com eles e entendê-los melhor. Acho muito eficaz a narrativa em primeira pessoa nesse tipo de história, que envolve situações tão reais e recorrentes, porque a empatia é certa - mesmo que você não tenha passado por determinadas situações você certamente conhece alguém que viveu ou está vivendo na pele. 
"Neste momento o corredor está cheio de Lukes em potencial. Um garoto é enfiado em um armário. Outro toma uma rasteira de alguém e voa pra cima de outra pessoa, que o empurra para o primeiro, que o empurra de volta, até que ele fica passando de mão em mão como uma bola de vôlei. Duas garotas falam mal de outra na cara dela, até que a coitada sai com os olhos vermelhos, chorando.  Outra tem uma letra "A" escarlate nas costas, e todo mundo acha graça quando ela passa sem entender a piada. Para cada pessoa rindo neste corredor, outras cinco parecem horrorizadas ou tristes." Pág.: 40

 Um dos pontos mais altos do livro está no destaque para a doença de Jack Masselin. A prosopanosia uma doença que impede que a pessoa reconheça os rostos das pessoas e isso geralmente acontece como consequência de algum dano cerebral. Isso fica claro para o leitor, é possível entender muita sobre a doença, a autora soube colocar isso muito bem. 


Temos aqui um livro que proporciona ao leitor uma leitura agradável, que o prende, embora não tenha me impressionado tanto. Não é um livro ruim, não é um livro espetacular. É um livro envolvente e tenho certeza que muitas pessoas vão se enxergar na história e querer seguir bons exemplos também. Um livro que mostra o preconceito e suas consequências e mostra também que é possível - como já disse no começo - juntar seus pedaços e se reerguer. 

"As pessoas fazem merda por vários motivos. Às vezes, são simplesmente pessoas escrotas. Às, vezes, outras pessoas fizeram merda com elas e, apesar de não perceberem, tratam os outros como foram tratadas. Às vezes fazem merda porque estão com medo. Às vezes escolhem fazer merda com os outros antes que façam merda com elas. É uma autodefesa de merda." (Pág.: 74)

Em JUNTANDO OS PEDAÇOS você encontra assuntos como: bullying, prosopagnosia, obesidade, violência, agressão, homossexulidade (de forma sutil), entre outros assuntos.

Façam boas leituras.
Bjux!


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